As palavras, em seus sons, estão aqui em processo, se transformando, como esse texto, incompleto, que um dia terminarei. O papel virtual de minhas realidades, sendo escrito enquanto logo, meus dados, na máquina, na rede de rendas digitais. Nas ladainhas, aboios e encantamentos, sentimentos ou/e em outros infindos indícios analógicos, que sim, ainda existem! E resistem, a qualquer falsa ou equivocada idéia de modernidade ou tecnologia. Tome cuidado com os meus acentos.
Eles podem brincar de mudar seus sentidos.
Estamos subentendidos?

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

O valor de uma lembraça

Não, não tem preço esse cordão de prata
E só me apego a essa tímida lembrança
Na esperança de quem a vidas não cantava.

Rimas espaças de um desejo rancoroso.

Peço-te e ouço numa muda palavra
A confissão de quem só pôde sucumbir
Às minhas flores, minhas desvairadas somas
De canções tenras, sem juízo, inconseqüentes

E assim levo, enfim, outra eternidade
A convencer-te que a nós se guarda um destino
E não adianta contemplar a tarde sem tua companhia
Pois por tua causa, eu e ela estamos assim, sem brilho
E mesmo que hoje, o meu cordão só reflita a nossa paixão
Na falta de um chão, de uma imensidão, de uma luz
Tudo o que é sagrado e que me conduz
É essa cumplicidade distante que me beija os ouvidos

Agarrada em meu pescoço, reluz em meu peito
Uma velha lembrança sem valor material
Mas que tem o apreço de minh’alma.
Porque quando rezo pra ti, me elevo às nuvens
Em um amor maior que nossa ingenuidade.

Contudo por mais que haja um reencontro
Findamos sempre ressentindo a saudade.

Podes me escutar?

La do mais fundo, profundo
E verdadeiro sentimento!
...Queria você ao meu lado agora.

Sonhos...

Te faria e cantaria uma canção
Quase deitados no escuro da noite
Olhando as estrelas, apontando desejos
Em cada um dos infinitos universos!

Que pena tenho de mim
Que nem posso ouvir tua voz
Tenho de me contentar com lembranças
Que soam em meus ouvidos
Feito uma sinfonia surda
Orquestrando tua falta.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Sinais do Céu!

Rezo pra um Deus que não existe, ou só existe.
Em minha própria verdade sedada a incenso
No ar de cores infindas superiores
Onde se confundem as dores de um prazer que transcende

O vento solar, nos trás partículas de (um) amor divino
E aquelas histórias vão tendo um sentido racional
Versos, formas, em um “alter-eu” intelectual
Que se estende por séculos indecifrável
Nessa mesma impressão parda de pedras e perdas
Nos dois extremos de um mesmo corpo
Automático sentido, robótico gemido, elétrica sensação
Luz na sombra de alguém frente a frente
Com uma entidade que nos soma
A tudo o que precisamos em um só destino

A voz dos anos, dos anjos, dos sinos

E eu aqui esperando um sinal dos céus
Nestas magnéticas ondas celestes
Teu sorriso captando qualquer pensamento meu
Em busca de um momento maior de liberdade
Uma idéia melhor de identidade
Numa canção que reflita o que somos pra nós mesmo
Sentido e direção, realidade e ficção, ou tudo apenas
E um par de olhos como os teus
Ou apenas, simplesmente, inevitavelmente, os teus.

Distância

Ontem pensei ter escutado a sua voz
E não é que senti saudade?!
Absurda, essa distante honestidade
Demagoga, essa reflexão escrita
Sem poder pra te falar meus gestos
Pra te mostras meus olhos
Pra te beijar meus beijos.

Detalhes

É engraçado como estas pequenas coisas me afetam
Detalhes que poderiam ser carinhos
Palavras que poderiam ser poesias
E no mínimo um bocado de saudações
Frias como o café do ontem não tomado
Secas como as horas impacientes nos segundos
Entre cada interlúnio de meu peito.

Servirei de consolo pra quem precise
Sairei da mesmice das saudades
Comerei a vaidade sem mistura
Adivinho tudo isso em verdades

E te falo como quem sofre cantando
Violando toda forma de desejo
Confundindo o doce e amargo dos teus beijos
Numa lembrança de outrora sem juízo

Hoje racional, sem paixão, sem medo
Sem rima, acorde ou segredo
Somos apenas um romance não escrito
Não sonhado
Não vivido
Um “não” sem cadência.
Solto numa frase, inadequadamente sem beleza.