As palavras, em seus sons, estão aqui em processo, se transformando, como esse texto, incompleto, que um dia terminarei. O papel virtual de minhas realidades, sendo escrito enquanto logo, meus dados, na máquina, na rede de rendas digitais. Nas ladainhas, aboios e encantamentos, sentimentos ou/e em outros infindos indícios analógicos, que sim, ainda existem! E resistem, a qualquer falsa ou equivocada idéia de modernidade ou tecnologia. Tome cuidado com os meus acentos.
Eles podem brincar de mudar seus sentidos.
Estamos subentendidos?

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Na ira da saudade

Não lembro teu nome
Mas não esqueço teu rosto
E assim vivemos distantes
Tão perto um do outro

Teus olhos me chamam
Mas teu nariz empinado
Afasta-me as palavras
Antes que saltem da boca

Fosse um beijo, essa poesia sentida
Um abraço
No teu leve corpo em que traço
Um destino
Um sonho
Uma distante possibilidade
De te tocar
Com as ondas sonoras de meus desejos
Cantando
Reverberando, meu corpo e o teu
Em vibrandos de paixão.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Elipse do Destino

Não, eu não sou mais o mesmo
E vivo a circular o presente
Como um louco fingidor poeta
Nu teu peito em translação

Segui minha órbita
Em teus beijos, teu sorriso, teu olhar
Agora tuas tristezas também serão minhas constelações
E se me permitir canta-las
Eu não serei mais, apenas uma palavra sozinha no céu
E o teu próximo sonho, eu adivinharia
E eu até seria um pouco a saudade.
O sincero e encantador sorriso dos dias alegres
Os cabelos felizes e amados
Das noites cheirando a reencontro

Um doce sabor de plenitude
Ficaria marcado no canto direito superior de tua boca
Pregado na saliva em um restinho de carinho
Essa paixão que nasceu assim, inexplicável!
Simples, tímida e necessariamente perfeita
Alimentando-nos de recíproco desejo
Talhado em nossos corações de imburana.
Graça alcançada.

Por toda a eternidade
Num movimento celestial
Eu te rezo e te guardo

Somos o sol e a lua
Numa elipse do destino
Nosso amor, um eclipse.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Sabe aquelas coisas que ninguém tem coragem de falar?!

Eu falo!
Sem medir palavras
Sem temer o incerto
O olhar que cala
A mão que corrompe o gesto
O dedo que fala entreaberto
Apontando o que poderia ser simplesmente uma ameaça.

Meu pensamento corre da mesma forma que o tempo
Do mesmo modo que tenho coragem de me empenhar
Em te negar qualquer algo que possa me ferir
Ao menos em possibilidade
Eu sinto muito, mas agora sou,
Dono de minhas idéias
Senhor de minha epopéia
Cantor de minha tristeza
E se danço ao estar triste
É porque poesia existe
Mesmo pra o que não se escreve
Mesmo pra o que não merece
Existir escrito.

Incrédulo

Qual é o meu limite?

Até onde posso chegar sozinho?

Vejo-me sem chão, vejo-me sem céu

(O nada existe? Prefiro não citá-lo!)

Mesmo assim é demais saber que sou incrédulo

Que neguei os sinais

As evidências

Os astros

A essência


 

Ignorei o espírito...


 

Meu corpo e alma, separados, distantes!

Como um amor perdido no limbo

Uma explosão nuclear no vazio!


 

E assim nasceu a saudade.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Acordando-me

Hoje acordei com a luz da poesia me tocando o rosto!
Dei bom dia ao meu quarto
Beijei a rede que balançou comigo
Me declarei pra janela, que ficou só se abrindo
E fiquei todo sem jeito com a chegada da manhã
Que com ciúmes, me olhou e foi embora!
Escrevi a tarde…
E quando dei fé
A noite já estava me consolando
E eu cantava em seus braços.

Para a primeira estrela da manhã!

Daqui o horizonte futura-me
E eu tenho um desejo
Para primeira estrela da noite:
- Faz com que eu possa dançar
Essa tristeza em alegria
Tenha fé nessa chama que me guia
E veja além do horizonte
Através das nuvens do céu
O universo, à noite, o destino.

Você pra mim sempre foi um candeeiro
É o amanha um eterno nevoeiro
Que só bem de perto vai desenhando o presente.

Com um sonho incandescente

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Sentindo-se

Não esqueça das esperançosas tardes de luz branda
De seu particular brilho peculiar do meio tempo
Da espera, dos desejos...
E de tudo que se concretiza entre um segundo e outro de existência.
As sombras que dão forma as horas, o sentido do agora e sempre
O sentimento do depois e nunca!
A des-culpa do inocente mistério
Da ingênua e sábia felicidade
Tão complexa e desnecessária
Quanto essa distancia ainda não vencida!
Por quê?
Vivamos a tarde antes que seja tarde
E anoiteça e amanheça
Simplesmente...

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Verdade Universal

É complexa, a cosmogonia do meu peito

Observando as linhas espectrais de tua luz

Vamos nos aproximando com o que nos distancia

Meu universo e o teu, paralelos

Nossos Deuses, nossos elos

Tua cultura e a minha

Ciência e magia

Astrologia.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Minha voz não macia

Ela não era mais dona de meu sorriso
E me desencantou com uma voz que já passou da conta
Das doses, dos tragos, das posses, dos estragos
Da bebida amarga, outrora doce, que foram os beijos

Ela provou de minha voz não macia
E em goles largos de murmúrio e mágoas
Indeclarou sua incapacidade de amar
Num gesto dúbio de sorriso indiferença

Dava-lhe azia, minha tranquilidade
Ânsia de vômito, minha seriedade
Ela ruminou minhas palavras
Se negando a engolir aquela história

Eu olhei pra o céu, vi que as horas se iam
E sem querer perder mais tempo
Tirei meu chapéu, o anel, os inversos que nos uniam
E como um solo desafinado, estava a união de sonhos desfeita.

Não me lembro bem
Mas acho que era mais tarde do que nunca
Se era noite, dia ou madrugada
O que importava é que a vida agora amanhecia
Eu estava leve, e por dentro.
Então recitei um profundo silêncio
De olhar pro mundo e canção vazia.



O que você me fez?!

Ela me deu tudo o que não tenho
Tudo o que não somos
Nem o que seremos

Ela me deu o nada
Um olhar solto no tempo
Um suspiro sem saudade, sem maldade
Corroendo o céu sem vento

E daqui do alto dessa montanha
Com sonhos nublados
Bonitos pra viver
Eu penso:
- E se tudo fosse revivido?
Escreveríamos algo diferente?!...
Enquanto isso eu reinvento,
O que fomos, o que somos,
O que sempre seremos
Sem pormenores, mas em detalhes.
Tudo de insignificante...
Era o que mais importante

A cegueira que me fez ver
A surdez que me fez ouvir
A mudez que me fez falar
A distância que me fez sentir
A tristeza que me fez sorrir
A vida que me fez cantar.

A Opção de Amar

É de uma forma diferente que sinto as coisas
Hoje principalmente!
Por tanta maldade, pela idade, pela cidade, pelo sinal.
Por caridade!
Meu juízo pede esmolas de sossego aos anos
E o “Pobre de mim” Caçoa d'eu com uma complexa ignorância de minhas vestes
Tu que me veste! Tu que me vês como uma cega canção sem ter um nome
Sem nem aspereza que se sinta ao tocar
Algo do passado, perdido, sem cor nem cheiro
Uma canção não findada
Um acorde, dizendo dorme! Sem soar uma das notas! Notas?!
Lembra do que te mostrei? Do que vivemos?
Esse é um detalhe que não posso te cobrar
Mas deveria!
Você deveria saber sim, a diferença entre os som-nhos
É uma obrigação de quem escolhe a opção de amar.

Mistérios

Até quando fingiremos sorrisos distantes?
Sem traçarmos num compasso lógico
Uma meia boca de contentamento?!

Por dentro, em sentimentos, rasgando a pele
Somos apenas o reflexo das cores que nos tocam!

- E esse novo prisma (Ângulo) do mundo.
Nossa redescoberta fantástica
De tudo o que já conhecíamos, e sabíamos!
Um novo olhar sob os nossos velhos olhares.

E os mistérios que buscávamos desvendar
Apenas aumentavam aquela falsa indecisão.

Deveríamos apenas nos beijar
Pra depois deixarmos a reflexão!