As palavras, em seus sons, estão aqui em processo, se transformando, como esse texto, incompleto, que um dia terminarei. O papel virtual de minhas realidades, sendo escrito enquanto logo, meus dados, na máquina, na rede de rendas digitais. Nas ladainhas, aboios e encantamentos, sentimentos ou/e em outros infindos indícios analógicos, que sim, ainda existem! E resistem, a qualquer falsa ou equivocada idéia de modernidade ou tecnologia. Tome cuidado com os meus acentos.
Eles podem brincar de mudar seus sentidos.
Estamos subentendidos?

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Re-sentimentos

Por aqui, me beija o calor de novembro
E eu me curvo a soberania do sol
Nos avermelhandos clarins do arrebol
As aves de fim da tarde desenhando uma saudade
Que se confundi entre aqui e ali, qualquer lugar.

Os caminhos que tomamos
Ainda não mataram nossa sede
Nos aventuramos nesse Rio
Rumores, amigos e amores por um fio
De esperança e ânsia costurando realidades
Os sonhos deixo pra o destino e suas fatalidades
Desencadeando uma dança entre os sentidos

A distancia entre a lagrima e o sorriso
São as travessias desses mundos que se cruzam
E que tornam possíveis as reinvenções do amor
Intervenho essa poesia urbana com uma flor
Que trouxe comigo em palavras que lhe canto
Do meu sertão, tome pra ti este acalanto
Uma sombrinha em teu peito, amenizando essa dor

E tudo o que eu falar daqui pra frente
Será uma meia lua de contentamento nos dentes
Querendo transmutar como uma paixão nascente
Exercendo poder sobre tuas águas
Os outros elementos não te trazem magoas
E reconhecem tua poesia insistente

A terra, o fogo e o vento
E tudo o que reinvento
A razão e os delírios do corpo
Sim, tudo re-sentimentos!

Iansã


Bons ventos
Bons tempos e destinos
Os dias e noites
Sentidos
Sopro ou ventania
Brisa, que seja
Mas que nos leve daqui
Nos mova daqui
Pra qualquer lugar
Que não esteja fora de nós!

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Insônia


Tua agre-mão não mais
Lavrará meu peito
Nem mais há de ferir
O meu elemento terra

Quebrando minha voz
Deixando-me sem canção
Roubando-me a palavra.
Toda a palavra...

Não quero chorar
Pra não regar
A semente de solidão
Que plantaste em meu sorriso
Espero não ser preciso
Sonhar essa estação

Vivo numa insônia dos sentidos

Ai! Pudesse dormir,
Quem dera!
Pra só acordar
Com um beijo sem mágoas
Na primavera.

domingo, 2 de novembro de 2008

O passeio das almas


De paixão ela nada entendia ou sentia
E ignorava meus bel-desejos.
Vestindo cinza nas noites sextas
Fugia da incerteza dos sábados.

Ela não lia os olhos, mas tudo bem...
Pois não se encantava com ninguém
Que fossem inodoros os cheiros
Que fossem galantes os silêncios

Fique com minhas flores
Eu aceito suas dores

(E todos os seres de imaginação pintados
Ganhando vida em outros corpus
Dominando as peles que os vestem)

Sempre que te vejo calada
Apenas concordando com os absurdos
Escuto vontades em clarins, taróis e surdos
Desfilando como num sete sem setembro
Em arranjos de luz, teu pensamento
Seduzido azuis, meio des-dobrados
Num confuso domingo agoniado
Em que o peito explode calado
Alvoroçado com a fanfarra dos sinos
Num fim de tarde eterno franzino
Solitário, sem noite, madrugada
Sem segunda feira, sem nada!

No Juazeiro, nos franciscanos
O passeio das nossas almas,
Penadas

A manhã não vem?...


Ouço o canto abafado das árvores
Através dos muros que criei
Pelas portas e janelas que cifrei
Pra nos afastar

Ouço o tempo sem passar.
O som do silêncio entrecortado em suspiros
Enquanto adormeço.

Um estrondo rompe o martírio dos cílios,
Quebrando o cristal de sereno nos olhos!

Estou em transe...
Misturam-se sonho e realidade,
Sigo pelas ruas da cidade
O meu corpo são palavras
Minha alma, são canções.

No socorro
Acendo velas e angustias
O incenso nas narinas me causa aflição
Te rezo, e tenho uma leve impressão
De ouvir tua gélida voz me consumindo o juízo

Pra enlouquecer de vez
Tudo o que precisava agora
Era desconfiar que ainda habitas em meu peito
E eu fico assim sem jeito
Tua presença me apavora

Os pássaros, onde estão?
A manhã não vem?!...

sábado, 1 de novembro de 2008

Tormentas


O que você quer de mim?
Quer que eu lhe conquiste?!
Mas como posso fazê-lo se você não insiste?

Quem me dera, me banhar
Ou que fosse apenas navegar nas tuas águas!
Dançar com a fúria e beleza de um ciclone

Calmaria ou tempestade

Só não quero ficar aqui
No porto seguro da saudade
Entre canções atuantes
No precipício dos amantes
Que não expressaram suas cores
Com o corpo, com os olhos
Todos os sentidos!

Esta inércia me atormenta
Eu mesmo prefiro as tormentas
Temporais são necessários

De teu amor serei corsário
Sendo água, és sereia, me encante!
Pois sem terra, sou marinheiro errante

Que teus olhos me vejam e sejam
Meu farol, minhas candeias, e que eu cante!
Os ciclos da tua natureza!