As palavras, em seus sons, estão aqui em processo, se transformando, como esse texto, incompleto, que um dia terminarei. O papel virtual de minhas realidades, sendo escrito enquanto logo, meus dados, na máquina, na rede de rendas digitais. Nas ladainhas, aboios e encantamentos, sentimentos ou/e em outros infindos indícios analógicos, que sim, ainda existem! E resistem, a qualquer falsa ou equivocada idéia de modernidade ou tecnologia. Tome cuidado com os meus acentos.
Eles podem brincar de mudar seus sentidos.
Estamos subentendidos?

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

É tempo de delicadeza

Na verdade espero que uma hora dessas anoiteça
Para que eu consagre a ti meu olhar de têmpera
No momento certo em que serei um espelho
Refletindo desejos de tua luz efêmera

Nas mãos trouxe um punhado de terra
Onde pisaram meus antepassados
No peito o sopro e cheiro dos meus pés de serra
Pra falar na língua dos encantados

Fundirei minha voz de tempestade
Na sagrada canção das seis horas
Da borra que sobrar da união de nossas realidades
Untarei teu peito, para reforjar os símbolos de outrora

Fique tranqüila, menina, é certeza
Teu carinho me invade
Não tema essa saudade
O amor é nossa fortaleza
Feche os olhos e adormeça
Não mais existe no mundo, a maldade
Vivamos a sutileza da felicidade
É tempo de delicadeza

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Cuando una rosa simboliza el perdón

Seus olhos escondiam a verdade
Seu sorriso
A assimetria de suas maçãs em relação a inclinação ao nariz
A distancia dos ombros à vértice de sua cabeça e cabelos
A luz que invadia a sala refletida pelo seu gracioso corpo e trajes de ensaio, era opaca...
Imagino que ela percebera
O cheiro de minha incredubilidade por todo o meu corpo.
Todo o seu corpo pendia num fingimento
Talvez ela fizesse aquilo
Pra nos livrar de algo que dentro de um paixão
Doesse mais do que devesse
E quiséssemos ou pudéssemos suportar.
E como mulher
Ela percebeu tudo
E guiou a vida pelo caminho mais certo de sua natureza
Carregando os fardos
Os segredos da existência
Na eternidade de seu ventre

Virgem Maria!

Acordamos

Ela arrumou-se
Num infinito momento perante minha presença
Não falou nada...
Apenas pensou claramente pra que eu sentisse

E em silêncio ela disse:

-Faço questão de deixar contigo metade de minha alma
Porque agora tenho metade da tua em meu peito
Não falaremos nada pra não ficarmos sem jeito
E porque sei que minha paciência te acalma.

E partiu...
Sem sorrir ou chorar.

Pra nos consagrar
Em outro momento
Em outro lugar
Onde ela escolhera
Parir o futuro.

E seu desejo foi um pedido
Nunca seria uma ordem.

-Como num passe de mágicas
Eu estendi minhas mãos
E nas linhas do meu destino
Ela se viu majestosa
E nos poupei de falar essa prosa
Pois sei que ela entendeu de coração
Que quando um poeta presenteia uma rosa
É porque ele sofre sem palavras
Sem canção ou poesia pra dizer, perdão.

Naturalidade

Num dia de sol e rara manhã
Suor e sorriso ocupando um mesmo espaço
Libertinagem e embaraço
Grito e silêncio
Na janela de seu paciêncio
Todas as suas roupas quarando
No recorte de verde de minha casa
Eu ia te pensando, te esperando
A réstia da antena de TV do prédio em frente
Ia passado por minhas retinas, era o tempo...

Eu tinha certeza que você viria tempestuosa
Em terremotos e ventanias de palavras destruidoras
Abrasiva língua a despedaçar meu sorriso.

Mas você veio serena, silenciosa
Abraçou-me sem a menor solenidade.
Simplesmente como adoro!
Felina e misteriosa arrastando-se
Pelo meu corpo enquanto dormia
Me espertou com um beijo calado
Implodindo uma seqüencia de pausas
Na partitura de meus desejos entresonhos!

Assim não dá!...
Nunca terei coragem de te negar meus sentimentos.
Se me perguntas...
Eu respondo!
Sinceramente!
E assim mudo de planos,
Dou manga pra o meus panos
Dou cabimento à cigana
Que coisa, nós sabemos, ela não se engana
Tudo está na forma, de interpretar.

E além de tudo, seus duos comigo,
Em tudo o que eu cantar
Acho que vou me apaixonar
Creio já estou
Certeza
Ai! Ela chegou...
Com licença!
Vou vestir minha naturalidade.
Pra realçar minha natureza.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Tudo ao nosso tempo!

Ela descobriu a fonte dos desejos
Atravessando a ponte que a tanto procurava...
Sabe agora dos segredos
Da cura dos beijos
E dos enfins, sem fins, dos confins, do interior
Tão bela, tão belo, sertão, luz cheiro e cor.

Seria esse delírio um prenuncio?
A chave de seus mistérios?
Ela detém a seiva da vida no peito.
E sua calda de serpente sagrada adentra na terra
Em mil veias d'água nos olhos.
Dos olhos pro chão, do chão pra o céu
Caindo o véu, rasgou-se o tempo em seu coração
Abrindo uma brecha nessa existência
Nos vimos. Um futuro.

Abundância no mundo!
E o lamento profundo
Que sempre se confundiu
Com os cantos de felicidade de um povo,
Agora é certeza, tudo se acaba em festa!
Ao som dos pifes, rabecas e zabumbas!
Escutas?
Nossos filhos estão dançando.
Essa felicidade foi adivinhada por tu, em tua essência
Por teus encantos e encantamentos.

Todo contato contigo é ensinamento.
Todo sonho.
É o efeito do querer nos sentidos.

Quando a manhã luzia em meu peito
Tão ontem eterna se foi a tarde
Que o hoje refez meus sentimentos.