As palavras, em seus sons, estão aqui em processo, se transformando, como esse texto, incompleto, que um dia terminarei. O papel virtual de minhas realidades, sendo escrito enquanto logo, meus dados, na máquina, na rede de rendas digitais. Nas ladainhas, aboios e encantamentos, sentimentos ou/e em outros infindos indícios analógicos, que sim, ainda existem! E resistem, a qualquer falsa ou equivocada idéia de modernidade ou tecnologia. Tome cuidado com os meus acentos.
Eles podem brincar de mudar seus sentidos.
Estamos subentendidos?

quarta-feira, 24 de março de 2010

Profecia

Numa noite de doces pesadelos
Sonhei conosco
Meu mundo, o teu
Abdoral que fui, sentindo deus
Cantei em língua ancestral
Confundido em arcaico português.
Os dias em que murmurava aquilo que falavam as almas
Sentia o efeito dos sentidos queimando ao som das palmas

Ela estava do outro lado da realidade possível
Me fiz mais eu do que nunca
A vi então, mais ela que sempre
Temi ser mais do que deveria, do que poderia
E vivi num instante uma imensa alegria.
Estávamos tão à vontade
Que os pólos derretiam
Tudo por nossa causa, culpa
Senti-me tão irresponsável por tudo
Lembrei de Badzé que a tanto não passeava por essa existência...

Redescobrindo a ciência
Reinventando o futuro
Meu canto soou como um esturro
Vieram três mil anos de escuro
Três décadas de impaciência
A sabedoria de meus pais
Os carinhos de minhas mães
E meu aparente comportamento
Já nem pareceria rebelde.

“Beirando a demência
Eu cantava e dançava”

Por onde você andou que não me sentia
Tantos pensaram que eu mentiria, pra nos poupar
Mais eu estive aqui tragando o presente
E adivinhei tua sorte
Atravessamos a morte
O vale dos cariris encantados
A floresta misteriosa de nossos silêncios
Um mundo que nem mais pertencemos.
Estes seriam outros planos.

Renasceremos sentindo os céus entre os pés
Esse chão sagrado será o berço dos desejos que surgirão reconstruindo o tempo
E caberá a nós em nossos filhos
A oração da felicidade
Não apenas por si sós
Mas por todos ao nosso redor
Dentro e fora de nós
Quando o recomeço vier,
Será assim com o novo eixo da terra.

Um comentário:

Alana Morais disse...

(...)Numa noite de doces pesadelos
Sonhei conosco
Meu mundo, o teu
Abdoral que fui, sentindo deus
Cantei em língua ancestral
Confundido em arcaico portuguê(...)

... Então, Assim são os sonhos: rodopiam ao compasso do tempo, mas sempre nos trazem o brilho da felicidade...