As palavras, em seus sons, estão aqui em processo, se transformando, como esse texto, incompleto, que um dia terminarei. O papel virtual de minhas realidades, sendo escrito enquanto logo, meus dados, na máquina, na rede de rendas digitais. Nas ladainhas, aboios e encantamentos, sentimentos ou/e em outros infindos indícios analógicos, que sim, ainda existem! E resistem, a qualquer falsa ou equivocada idéia de modernidade ou tecnologia. Tome cuidado com os meus acentos.
Eles podem brincar de mudar seus sentidos.
Estamos subentendidos?

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Transfiguração

Espero que eu não tenha sido tão seco,
Ao pressentir que fosse apenas mais um
Espero que tudo tenha sido um desengano
Quebrando os planos de quem não se apaixonou
Tudo bem, que você vá embora, mas não assim, escancarando,
Não encarando tudo que aconteceu, e o que já passou.
Pois que o tempo seja tão bom conosco
Como é com quem foi, e não deixou de ser amor.

Hoje sou um corpo sonoro a mercê de tua voz, abusada
Uma alma penada no desejo de tua boca, vazia
Sem gestos, logo depois que tudo se acaba.
Que eu seja calor, que eu seja frio, intenso!
Algo que vá aos extremos da matéria.
Que eu me decomponha em tua presença, já tão seria
E renasça mais vivo, talvez, no Araripe
No sentimento sereno das árvores
Ou na poesia e perfume de flor.

Que eu siga nas partículas levadas pelo vento
No canto de qualquer poeta estradeiro
A varar sertões e cidades, alegrias e tristezas.
Caia na imaginação do povo simples, “comum”
E me transforme em versos e prosas sob o luar
Que o orvalho da noite banhe minha alma
Essa essência andarilha, errante, multicolor.
Que venha o sol! O tempo!
E eu caia no suor sagrado da gente trabalhadeira
E acabe sendo novamente uma paixão matuta, verdadeira
De qualquer ingênuo e inocente cantador

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Uma canção ou você!

A dias que te procuro, procurava!
As noites em que o escuro me assombrava.
Da dúvida, e em divida com a solidão,
Na saudade, pensei no que existi.
E além,
Na amizade.
A lembrança de teu sorriso, e adormecido.

Em um som que desistiu de ser silêncio
Impondo a voz que me resta em um pêndulo compasso
Vou me afinando, e desafiando essa distância e gravidade
Pra que num inesperado movimento, rompendo os planos presentes,
Eu me ajoelhe, juntando as mãos, esperando que ela sinta, sei que ela se sente.
Minha voz entoando uma prece.
É o que parece.
Amém.

"Onde você estiver, que minha oração, cantada em benditos, te encontre e acompanhe teus passos.
Lembre-se de nós, e de quando caminhávamos descalços por nossos jardins de sonhos.
No fundo tu sabes, que sempre me entrego a ti mais uma vez,
Como sempre, pela última vez,
Como se fosse sempre,
A primeira vez."

Vou acordando, retomando os sentidos
Retornando aos escritos, e cantando.
Caio em minhas inspirações, observando
Que fico assim, de cara com o tempo
Com vontade de gritar, de correr. E admito
Outra paixão qualquer não me acalma!
Pois só me refaz a alma,
Uma canção
Ou você.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Fundição

Sou um filho do sol. Necessito do fogo, seu calor, sua luz
Pra fundir os fragmentos que ficaram de tantos, de sentimentos, poesias e transcendências.
Almejo uma liga leve e forte que sustente minhas palavras e sons, minhas canções, existências.

No momento exato da criação, posso até transbordar de tanta inspiração
Mas o que respingar na terra ou evaporar nos ventos, como partículas de amores,
Não poderia ser outra coisa, além do perfume das flores.
E claro, isso nunca agrediria nosso meio.
Estamos conscientes.

Desconfio que a maior parte dessa matéria incandescente virará poesia,
Mesmo que silenciosa ou opaca, como o tempo, consumindo-me.

Se vier o brilho, o som, ou as cores em uníssono ou refratadas
Que eu mereça os segredos das matrizes em fim, em mim, resignificadas,
O amálgama dos sentimentos que reencontro, mesmo nunca estando pronto
Cada gota de suor que me resfria o corpo máquina, e me purifica a alma,
Num movimento de transpiração.
Pra que eu esteja untado, para receber a divina energia celeste,
Em sua conjunção com nossa natureza terrena, e seus elementos
A alquimia dos sonhos das realidade.
E tudo o que eu precise pra me transformar no que sôo
Algo entre a ciência e magia
Que a humanidade
Embrutecida
Renegou

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Sintonia

Hoje não quero mais
Apenas aqueles sons de ontem!
Quero a música do amanhã, agora!
Que seja um estrondo rasgando saudades
Ou o silêncio do passar das horas!

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Memórias?!

Cariri dos Encantados - Foto de Thailyta Feitosa
Exatamente agora, sinto falta das paisagens verdes das estradas do Cariri, transformadas pelas chuvas. Na memória, sigo atravessando a colina do horto, subindo a serra de são pedro. (Num devaneio, como um sonho dentro de outro, Saudade também do sitio cipó, minha infância, e de mestre Pedro Oliveira, rabequeiro) Me atino pra estrada, cruzo a saudosa Caririaçu, dos pequenos indios, dos franceses, do Pe. Cícero. passo pelos Caboclos e chego no lugar de onde nunca parti. Estou sonhando? O que é real? Minha mesa de papeis e carimbos e virtualidades ou a cascata que perfura a rocha a milhões de anos onde me banho, exatamente agora?!