As palavras, em seus sons, estão aqui em processo, se transformando, como esse texto, incompleto, que um dia terminarei. O papel virtual de minhas realidades, sendo escrito enquanto logo, meus dados, na máquina, na rede de rendas digitais. Nas ladainhas, aboios e encantamentos, sentimentos ou/e em outros infindos indícios analógicos, que sim, ainda existem! E resistem, a qualquer falsa ou equivocada idéia de modernidade ou tecnologia. Tome cuidado com os meus acentos.
Eles podem brincar de mudar seus sentidos.
Estamos subentendidos?

domingo, 27 de novembro de 2011

Modernos Símbolos

Entre um gole e outro de silêncio
Mastigo em movimento, crenças e fés irracionais
Trago canções que vou recolhendo no tempo, nada mais
Nas esquinas, nas pessoas, das melodias e barulhos urbanos
Tudo se choca, e se quebra, e se re-une no sertão no meu peito,
E pelas veredas e becos e praças, vivo vidas às milhares
Sonho sonhos, durmo, acordes, morros, renasço
Sempre tanto, sempre tudo. Envelheço criança
Madrugo, amanheço, entardeço, anoiteço
Mas nunca cambaleio, ou retardo,
As vezes quando descanso
Firmemente, observo o firmamento.
Leio a poesia dos astros
No céu está o destino

Busco nas estrelas o sentido pra me reencontrar
Porque aqui leio placas mas sem entender,
Apenas caminho os caminhos a serem seguidos.
Vejo maldades, vejo bondades!
Invêjos, invejos, inversos, dispersos, incertos, carinhos.
Sempre tão, tantos, tão indecifros
São estes pré-fabricados
Modernos
Símbolos.

Alma de Flores

Pela janela do meu apartamento
Acabou de entrar um vento
E era o cheiro do quintal de minha casa
Num sopro de lembranças da minha infância
Ouvi a voz do meu pai me chamando ao trabalho
A voz de minha mãe me chamando pra comer
Os gritos de minhas irmãs e irmãos em algazarra
Misturado-se com os sussurros dos vizinhos
O som dos sinos, das antenas, das sirenas, das luizinhas
Meus inventos e magias
Em uma tarde em desencanto
O Juazeiro em romarias
Me senti meus filhos...
Brincando.
E se foi o vento
Mas o meu pensamento
Como que no futuro
Lembrando o passado
Ficou num perfume
Para sempre presente
Algo parecido com alma de flores
Ou seiva de alfazema

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Asa Quebrada

Estou de asa quebrada
Meu canto pende
Meu desejo era voar
No imenso da tarde
Para te encontrar

Tanto já aconteceu
Foi um milagre
O sonho do Juazeiro
Movendo montanhas
E um vale inteiro

Pois só o amor nos livra de todo pecado

Aquela nossa história
Varou o tempo e se perdeu
Quem sabe já estávamos juntos
E nem nos demos conta
Conta por conta
Um día agente se encontra

Seguirei essas candeias

Se não agora
Dia de finados
Amor penado
Se não então
Te dou louvores
Na romaria da Mãe das Dores
Essa canção correrá toda cidade
Vencendo toda maldade
Pra só restarem os amores

Pois só o amor nos livra de todo pecado

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

É isso

Va menina, mas, não leve essa dor
Mesmo que meu peito ja não faça diferença
Quando acreditas em mim
Ou me tens descrença

Sim, eu sei, esse é um samba triste
Mas tem a sua fortaleza
Eu o fiz pensando e você
Inspirado em sua beleza.

É isso. Sempre podemo escolher
Guardas mágoas ou ficar bem
Que então sejam de alegria
Essas lágrimas que nos vêm

Foi muito bom tudo o que passou
Tanto que nos temos saudade
Mas é isso, a vida seguiu seu rumo.
Que do nosso amor fique a amizade.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Indo na Contra-mão (Vontade Maria)

Se nesses contrários sentidos
As mãos bailam
Enquanto se move o corpo,
Se tua alma desenha no vento
Um movimento de fé,
Em favor do teu sorriso,
Ou de tuas lágrimas
Qualquer sentimento
Mas, que seja verdadeiro.

Segue então em tua contra-dança
Pois se teu sentimento inverso
Nesse momento é necessário,
Como um Belisário verso
Que se escuta com o espírito
E se declama com o coração,
Vai Maria! Segue nessa contra-rima
Mesmo que opostos, os caminhos,
Nos dão a certeza, nossos carinhos
Que mais tarde ou mais cedo, se encontrarão
Os sonhos que voltam e meiam e vão
Seja no fluxo mais óbvio da vida
Ou em tua contrariada, momentanea
Resguardada ou espontânea, vontade Maria.
Seguindo pela contra-mão.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Paixão na realidade

Não me olhe dessa maneira
Pois minha vontade,
Ainda menina, é passageira
Pode não voltar. Sair brincando.
Esconda seu olhos
Desperte o desejo dos meus, olhar.

Apenas quando você cantar
Estarei vulnerável
Com o destino favorável
E eu dançarei como o vento
Na cadencia de seus passos
Não acontecerão atropelos
Embaraços. Lembre-se,
Porque nada disso existe
Tudo isso inventamos
O encontro
As palavras
As canções
As danças
...

O beijo,
(Só pra constar,)
Pela sua incapacidade de fingir
Creio que foi de verdade.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Não.

Não faça mais isso conosco
Não aceite mais meu beijo fosco
Pra que o nosso eterno jardim
(Isso por você e por mim)
Fique ainda mais florido
Como nunca antes
Dai-me o teu "não" colorido!
Do teu sorriso sou inmerecido.
Dai-me tua voz alterada, cortante
Tua nobre fortaleza apaixonante
O teu olhar que me deseja distante.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Reciclos

Vamos vivendo
Ensaiando existências
Até que chegue uma eternidade
Seja ela qual for
Seja como flor
Doe sua seiva
Viver
Morrer
Nada, não simplesmente, passa
Tudo finda e recomeça
Animal
Vegetal
Mineral
Mas, sempre
Em cada alma
Um só espírito
A natureza
É o que nos resta.