As palavras, em seus sons, estão aqui em processo, se transformando, como esse texto, incompleto, que um dia terminarei. O papel virtual de minhas realidades, sendo escrito enquanto logo, meus dados, na máquina, na rede de rendas digitais. Nas ladainhas, aboios e encantamentos, sentimentos ou/e em outros infindos indícios analógicos, que sim, ainda existem! E resistem, a qualquer falsa ou equivocada idéia de modernidade ou tecnologia. Tome cuidado com os meus acentos.
Eles podem brincar de mudar seus sentidos.
Estamos subentendidos?

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Horrenda Canção

Talvez de tanto amar
Hoje não cantarei o amor
Não cantarei a paz que almejo
Cantarei o ódio, a tristeza
O mal profundo e crescente na humanidade
A desonestidade, a corrupção, a ignorância
Os preconceitos absurdos sem sentidos
De classe, raça, sexo, cor
A intolerância religiosa
Falar nisso,
Cantarei os índios mortos sem nação
A natureza envenenada a morrer, agorinha mesmo,
Enquanto canto tudo o que é feio
A realidade que ninguém quer ver, encarar
A falta de oportunidade aos mais simples
As crianças vivas-mortas
A falta de respeito aos mais velhos, à sabedoria anciã
As guerras insistentes e silenciosas a consumir o bem
Meu bem!

Cantarei
Os falsos lideres
Os falsos profetas
Os falsos artistas

Tudo de ruim que corroe e destrói a consciência humana
Que induz as almas para os vales negros da incompreensão.

Minha canção hoje será um grito desafinado
Minha cantoria em distorção
Meu verso em pé esquerdo-quebrado
Sem métrica ou rima
HORRENDA CANÇÃO

E quando parecer silencio tudo o que eu não disser
Desconfie, e tenha a certeza que logo estarei sufocado, morto, apagado
Estará em meu corpo e olhar, na dança, no que eu interpretar
Na ânsia de lhes fazer sentir
Além do anestesiante falso amor,
A dor de quem escolhe
Ou não tem outra saída
Se não, resistir.

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