As palavras, em seus sons, estão aqui em processo, se transformando, como esse texto, incompleto, que um dia terminarei. O papel virtual de minhas realidades, sendo escrito enquanto logo, meus dados, na máquina, na rede de rendas digitais. Nas ladainhas, aboios e encantamentos, sentimentos ou/e em outros infindos indícios analógicos, que sim, ainda existem! E resistem, a qualquer falsa ou equivocada idéia de modernidade ou tecnologia. Tome cuidado com os meus acentos.
Eles podem brincar de mudar seus sentidos.
Estamos subentendidos?

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Companheira

Amanheceu
Ela acredita
Depois do eterno luar
Em que nos sacralizamos
Com todos os feitiços pronunciados
A menina dançou, cantou
Ela acredita
Sentiu toda a ancestralidade
A individualidade de sua alma
O peso e a leveza do seu corpo e mente
A sabedoria inevitável da feminilidade
Da fertilidade, o sangue e a seiva da vida
Que jorravam de suas profundezas
A menina cantou, dançou
Em sua fé inabalável
Na certeza de seu sexto sentido
Ela me olhou por cima do ventre
Por entre os seios
E me derramou suor e lágrimas
Gozamos a vida, tragamos os sonhos
Conversando sobre o futuro
Ele pegou minha mão
Beijou meu destino
Leu meus lábios e interpretou
A poesia que eu ainda nem havia escrito
Eu cantei sobre seu corpo
O tempo o espaço e a gravidade
Em quais dimensões mais
Poderíamos existir em amor e tão leve poesia em densa material? 
Ela olhou pra mim e disse:
Amanheceu...
Eu acredito
Acredite
Tenha fé.

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