As palavras, em seus sons, estão aqui em processo, se transformando, como esse texto, incompleto, que um dia terminarei. O papel virtual de minhas realidades, sendo escrito enquanto logo, meus dados, na máquina, na rede de rendas digitais. Nas ladainhas, aboios e encantamentos, sentimentos ou/e em outros infindos indícios analógicos, que sim, ainda existem! E resistem, a qualquer falsa ou equivocada idéia de modernidade ou tecnologia. Tome cuidado com os meus acentos.
Eles podem brincar de mudar seus sentidos.
Estamos subentendidos?

domingo, 25 de outubro de 2015

Estrada

A estrada é um longo caminho curto
De uma simplicidade complexa demais pra quem não sente
Tão solitária e povoada como as lembranças
Cheias de coisas boas e ruins 
Entrecorta sons e silêncios
Vara sertões e metrópoles
Serras e mares
Desertos e matas
A estrada é cheia de tudo. Até de vazios.
Cheia de pedras, de espinhos
Mas também é enfeitada de flores
Pelo caminho
A estrada é um longo caminho curto
Onde trafego meus sentidos
E me deparo com meus instintos
E por mais que pareça não ter fim
Depois de atravessar
Tantos rios, pontes, túneis
Veredas e encruzilhadas
Sei que não conheço tanto
Que não conheço nada
Talvez apenas um pouco mais de mim
Que insiste em seguir dançando 
Compondo espaços tempos e gravidades, vidas
Por entre retas e curvas
E infinitos fins de linhas
Onde recomeçam as novas jornadas
Tão sedutora, tão forte e acolhedora
Mais parece uma entidade feminina
Uma deusa que nos acolhe
E que as vezes até parece nos maltratar
Mas nos faz crescer.
Sem saber se há início ou fim
O que existe mesmo é o meio
O processo enfim 
O desejo
A necessidade de seguir
De migrar
Ir e vir 
A esquerda a direta
Pra cima ou pra baixo
Tudo depende
De onde vens e pra onde vais
Às vezes eu nem me lembro
E sigo cantando
E tudo é saudade e reencontro 
Nessa vida
Na estrada

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Sóbrio

A vontade de embriagar-se
E esquecer os problemas do mundo
É menor que a necessidade
De estar sóbrio
E viver os amores a fundo