A madrugada pode não ter suas cores
Em cinquenta tons de cinzas não lidos
Cegueira que estremecem os olhos
O aperto dos dentes travando a língua
Em susurros ou berros dos mais diversos amantes
Do copo quebrado à freqüência que escapole dos velho estereofones
Os sons perdidos por algum descuidado bêbado
Ou a fugitiva trilha da insone minissérie do apartamento vizinho
Confundindo-se com os felinos que percorrem os telhados sem medo
E os pré-históricos veículos a combustão
Rasgando a paz dos que abstraem ou bem convivem com sua intranquilidade
Se mantenho a luz acesa, vejo você claramente
Se apago as luzes
Ouço a dança dos seus passos no escuro do quarto
Sinto a melodia do seu cheiro
O peso leve do seu corpo em pele em mim
A harmonia do seu amor presente
Mesmo distante fisicamente
O zumbindo do silêncio em sua canção de mistério
É na verdade suave, a sintonia de minha confidencia
Minha consciência numa frequência divina feminina
Que me envolve em fé, segurança e desapego
Eu em um franco diálogo com minha individualidade
Em meu pretérito espírito e mente presente,
Não sei se estou domingo ou acordado
Por quantos segundos ou milhões de anos
Estou assim, sorrindo feliz ou brevemente agoniado
Talvez em transe pela abstinência que vibra meus neurônios
Elevando-me a um lugar encantando
Unindo dois pontos do universo
Se abro os olhos, e me cubro dessa verdade?
Se fecho os olhos, e sonho teus beijos?!
E se tudo isso for apenas na verdade
Uma poesia que lhe faço
Na saudade que me ensina
Que me inspira
Que me incita
Os desejos?