As palavras, em seus sons, estão aqui em processo, se transformando, como esse texto, incompleto, que um dia terminarei. O papel virtual de minhas realidades, sendo escrito enquanto logo, meus dados, na máquina, na rede de rendas digitais. Nas ladainhas, aboios e encantamentos, sentimentos ou/e em outros infindos indícios analógicos, que sim, ainda existem! E resistem, a qualquer falsa ou equivocada idéia de modernidade ou tecnologia. Tome cuidado com os meus acentos.
Eles podem brincar de mudar seus sentidos.
Estamos subentendidos?

quarta-feira, 5 de julho de 2017

Não Lugar

Sou um cearense 
Assistindo pelo celular
Um documentário de Ruanda
No pátio de Higienópolis
Tomando um café expresso
No intervalo de um filme americano

Talvez aja um futuro nessa história
Onde eu pare e veja a loucura desse(s) dia(s)
Onde tantos me estranham por não serem diferentes
Imaginem o que se passa em minha cabeça
Foi assim que eu me senti imaginando
O que se passa na cabeça deles

Mais que medo, era ódio
Me viam como ignorante
Comendo um doce cubano
Como se eu fosse gente
Que deveria estar tomando refrigerante

Até hoje eu canto e não entendo
Como tudo me veio à mente naquele instante
Enquanto a atendente chinesa ria da negra
Que passeava livremente
Como se seu cabelo e sorriso fossem
A porta escancarada pra um mundo novo
Onde o amor seria o elo perdido e encontrado,
Uma oração de uma crença que libertava
Não escravizando aqueles que buscam esperança 

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