As palavras, em seus sons, estão aqui em processo, se transformando, como esse texto, incompleto, que um dia terminarei. O papel virtual de minhas realidades, sendo escrito enquanto logo, meus dados, na máquina, na rede de rendas digitais. Nas ladainhas, aboios e encantamentos, sentimentos ou/e em outros infindos indícios analógicos, que sim, ainda existem! E resistem, a qualquer falsa ou equivocada idéia de modernidade ou tecnologia. Tome cuidado com os meus acentos.
Eles podem brincar de mudar seus sentidos.
Estamos subentendidos?

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Prece Cósmica

O que leva uma pessoa a xingar alguém na rua por se vestir um pouco fora de um padrão, usando uma saia? Uma saia discreta, longa, e eu nem estou maquiado, de batom, rímel, minha barba até está grande, cabelo de coque... Digo isso porque até entendo, as pessoas estranhando quando estou um tanto mais arrumado.
Pra poder ter a liberdade de me vestir como quero sem absorver esse ódio, foi muito chão. Medito, preparo a mente e saio por aí tranquilo, na sintonia da paz e do amor. Só na adolescência eu andava fazendo as coisas escondido, por medo ou preocupação desnecessária, ou pra evitar desgastes com a família.
É triste constatar esse novo obscurantismo o qual vivemos. A mulher era até jovem, aparentava ter tido algum estudo e oportunidades. Não quero nem devo julgar, pois também seria preconceito, mas apenas imagino que ela não deve ter tido referências que lhe mostrassem que não há nada de errado nisso, e, que temos que respeitar qualquer um ou uma. Impressionantemente, enquanto escrevia essa postagem, um bêbado reclamava na parada de ônibus: E daí se eu sou nordestino?! Querem me expulsar, mas, eu moro aqui! Essa cidade é minha também. E daí se eu sou pernambucano, paraibano, baiano, cearense?!
"Tudo isso acontecendo eu ali na praça alimentando os pombos na minha cabeça". Durante o tempo em que pensava e ia escrevendo, no meu ouvido, o modo aleatório tocou Tom Zé - Todos os Olhos, The Doors - Moonlight Drive, Luiz Gonzaga e Gonzaguinha - Pense Neu, e (acreditem se quiserem) Secos e Molhados - "Prece Cósmica", poema de Cassiano Ricardo musicado por João Ricardo para o primeiro álbum de 1973 do Secos e Molhados.
Que os quatro
Como num teatro
Conservem a mão
Sem nenhum
Gesto
Que o vinho quente
Do coração
Lhes suba à cabeça
Espêssa
Que do bolso de
Cada um dos
Quatro
Como num teatro
Voem pombas
Pombas brancas
E amanheça
Só a Física Orgânica a Química Quântica e a Biologia Espiritual explicam

sábado, 19 de agosto de 2017

Paradigma

A estrada liberta

Nos ensina a conhecer

A conviver e conversar, cantar 

Com as pedras, flores e espinhos

Mas, não deixo de pensar, 

Que depois de tantos caminhos

Hoje eu realmente não sei

Se tenho medo

Ou se gosto de estar

Sozinho


domingo, 13 de agosto de 2017

Voa

Voa!
Que o tempo urge
E já não precisas mais estar aqui
Você já nos iluminou, nos ensinou
Nada mais justo que seguir
Nós que aqui ficamos,
Espero que continuemos
Livres a sonhar
Como tu nos ensinou
Voa segue os bois voadores
De galáxias distantes
Espalha purpurina
Nesse céu gigante
Pedimos licença,
Vamos chorar
Mas não só de tristeza
É tua lembrança a nos emocionar
E se não for inspiração e alegria,
Deixa, em amor e esperança
Essas lágrimas
Hão de se transformar
As cornetas no paraíso
Hoje vão tocar
Felizes por você chegar
Voa
Segue o menino 
A brincar

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Mantra

Queria que tudo

Fosse simples

Mas não é? 

Mesmo com a sensação

Do tempo passado vivido

Desacelerando dentro de mim

Lá fora, na rima livre do universo

Onde crio e recrio meus versos

Não vejo a hora, o ano-luz

O momento de partir

De retornar

A ser

O ser

O não ser

Eis a questão

Renascer

Om