As palavras, em seus sons, estão aqui em processo, se transformando, como esse texto, incompleto, que um dia terminarei. O papel virtual de minhas realidades, sendo escrito enquanto logo, meus dados, na máquina, na rede de rendas digitais. Nas ladainhas, aboios e encantamentos, sentimentos ou/e em outros infindos indícios analógicos, que sim, ainda existem! E resistem, a qualquer falsa ou equivocada idéia de modernidade ou tecnologia. Tome cuidado com os meus acentos.
Eles podem brincar de mudar seus sentidos.
Estamos subentendidos?

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Cinzas

Sinto a vida passando
Sem pesar...
A matéria amontoada a partir do carbono
Escorrendo por entre a alma de meus dedos
O tempo-espaço-gravidade
Desocupando seu lugar físico

Na eterna dança da luz e sua ausência
O pensamento afoito aprendendo a ter paciência
A idade aprendendo a lidar com a saudade
A inocência dando lugar a experiencia
A ignorância se esvaindo com a ciência
A teimosia aceitando a espiritualidade
E a paixão aprendendo a renovar-se no amor
De flor em flor, tudo passa
Tudo fica
Tudo morre e se revira em vida

O mais difícil talvez 
Seja aceitar que um dia
Quando meu movimento cessar
Minha voz se calar
E o meu sorriso já não tiver semblante,
Os sonhos,
E toda e qualquer crença e esperanças,
Quando eu os deixar aqui,
Quem cuidará deles?
Mas, isso já não importaria, não é?
Afinal,
A vida seria
Toda ela
Esse ensinamento?
Esse eterno sentimento
De desapego?