As palavras, em seus sons, estão aqui em processo, se transformando, como esse texto, incompleto, que um dia terminarei. O papel virtual de minhas realidades, sendo escrito enquanto logo, meus dados, na máquina, na rede de rendas digitais. Nas ladainhas, aboios e encantamentos, sentimentos ou/e em outros infindos indícios analógicos, que sim, ainda existem! E resistem, a qualquer falsa ou equivocada idéia de modernidade ou tecnologia. Tome cuidado com os meus acentos.
Eles podem brincar de mudar seus sentidos.
Estamos subentendidos?

domingo, 17 de dezembro de 2023

Céu

Eu queria fazer poesia
Mas era tempo de fazer nada
E olhar pra cima
E sentir o vento
Dizia meu corpo

sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

Nuvens no Céu

As tardes de Juazeiro em dezembro tem um cheiro de verde quente
O vento sopra um sabor de cajá
E suor de santo  

O som distante do vento, entrecortado pelos sons da cidade
Sussurram canções do cotidiano 
Agonias e tranquilidades, impaciências e afetos
Nos desejos chuvosos

Há uma fé resistente 
Em algo bonito
E perigoso para o futuro
O que é tradição?
O que é fanatismo?
O que é esperança?
O que podemos sonhar 
Além da vida após a morte?
Onde habita nossa liberdade
Além do céu que se vende nas esquinas e templos?
Sinto e me pergunto essa coisas
Desde criança

domingo, 3 de dezembro de 2023

Diálogos

Não tenho
Preferência por canções
Escuto todas, mas
Ainda assim, tendo ao silêncio
Me recolho, e me dou o tempo que preciso
Passo dias para iniciar uma poesia
E me comunico a partir do sorriso
Valorizo a arte dos abraços
E os diálogos sobre tudo
A prática do amor
O equilíbrio entre nós e o tempo  
A experiência de existir 
E se permitir estar
E ser

segunda-feira, 17 de julho de 2023

Rodapé

Ficam as perguntas:
O que é caráter?
O que é transformar?
O que é arte?
O que é espiritualidade?
O que é acolher? 
O que é certo?
O que é errado?
Isso é uma poesia?

Teoria da relatividade geral da Arte

O caráter transformador da arte, assim como espiritualidade, não está em acolher os que “acertam”, mas sim, o que “erram”.

Autoria desconhecida
(ou não reconhecida)

quarta-feira, 12 de julho de 2023

Vida

A gente passa
A arte fica
A poesia nasce
Onde o amor
É semente

Caule
Galhos
Folhas
Flores

O vento que sopra
A luz do sol ardente
Música da chuva
Dança de água corrente
Estio e quadra invernosa
Os ciclos de fora
E de dentro da gente

quinta-feira, 2 de março de 2023

Nesse momento, minha alma está satisfeita
E paira no ar uma leveza de luz mineral
Entrelaçada com uma lembrança orgânica
Através do vento, sinto teu sorriso, o abraço, teu hálito, a voz
Essas lembranças respiram e transpiram na mesma atmosfera
É inconfundível o teu cheiro nessas ramagens
Me sinto cantando cantando, em fotossíntese

sábado, 25 de fevereiro de 2023

Maturidade

Nos damos

Como pássaros dão-se aos céus

No tempo certo em que a vida nos abençoa

Os abraços fazem-se demorados 

As flores nascem entre as pedras

E nos livramos do superfícial


Descobrimos a força do espírito

Libertamos-nos dessa ilusão

Aprendemos a ler nos astros, os caminhos

A pré-sentir na natureza, os desejos


Recebemos e doamos

A sabedoria dos ventos, das águas,

nas fases da lua e nas marés

Salve Mãe d'água, Oxum Iara

Seguimos correnteza, navegando-nos

E vossa natureza dos ventos,

Renasce sempre em mim

Por sua onipresença

Empunho o canto 

E Agradeço

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

DESÁGÜE

Adoro os dias chuvosos

O cheiro molhado das coisas

O delicado som percussivo das gotas rompendo o céu e tocando o chão

A luz branda filtrada pelas nuvens e densidade do ar

A contradição do tempo diminuto da natureza

Em relação ao alvoroço sem sentido das pessoas.


Água por fora, água por dentro

Tudo é fluido e fluidez é esperança

Na metrópole a chuva lava

Por vezes, e até maldizida

No sertão, é alegria, fecundação da terra

E tudo o que é triste finda

Como vida recomeçando

A se esverdecer...

CORPO CELESTE

O velho cometa

Viajou anos-luz

Percorreu a via láctea

E agora mais uma vez

Em seu abraço gravitacional

Nos encanta com sua calda de fogo

Será o sinal do fim dos tempos?

Ou do reinício de tudo?

Um adeus pra quem estiver preso ao passado?

Um olá de um visitante de outras mundos?


Vislumbre o espaço-tempo.

Não esquecer quem somos,

É melhorar o que precisa ser transformado

É hora de contar estrelas

Sem temer o incomensurável infinito

Jogue as tolices pra o alto

Aponte o dedo pra imensidão

Aponte o dedo para o céu

Para as flores no chão

Mas não aponte julgando

Aponte ajudando

Dando direção


Na gira das eras

Balance o corpo, remexa a alma

Porque o espírito é como o universo

Tem que estar em movimento

Pra entrar em harmonia

Com a criação 



quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

Aconchego

Quando é noite

E sinto numa melodia

O verso que se aproxima

Num aconchego leve

Meus dedos dançam


Bailam frases inteiras

Como poesias esferografadas

Em Azuis palavras e desenhos

Prosas e rimas que para mim

Fazem mais sentido

Que algum lugar sentindo


O amor existe assim

Na imperfeição do verso vivo

Como quem tenta compor

Cantando os cacos do passado

Remedando versos dançados

Num futuro que se sonha

E se faz por onde


Numa inevitável forma de dizer

Tantas novas e velhas coisas

Muitas talvez até sem sentido, sim

Mas sempre cheias de sentimentos

Fora Daqui

Virtualmente, na realidade
Reverbera nos passamentos
Uma ideia qualquer
Querendo ser
Algo tão despreocupado da perfeição
Que podemos até perder a noção
Mas ganhar sorrisos
E sem se importar mais
Não digitamos qualquer coisa pra postar

Por certo queremos sonhar
Que vejamos os nossos stories
E saibamos que seja pra nós
Essa timidez
Incapaz de dizer
(Sem expectativas 
Nem desesperança)
Que fizemos canções e dançamos
Apenas por sentirmos
Que seja, um algoritmo de saudade
Em algum lugar real
Dentro de nós
Fora daqui

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

SESTA

Acordado sonho
Vislumbro o amanhã
Pelo infinito da tarde
Canto dentro de mim sem alarde
Rompendo o silêncio da sesta
O tempo que me resta

Escrevendo como quem canta
Acordo reinventando o mundo
Concretizando os sonhos
Em arabescos e volutas
Percorro os caminhos da forja
Desdobrando o tempo
Fundindo os elementos
Navego o espaço
Da recriação
À poesia

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

Primórdios

Que divertido
Balançar-se ao ouvir música
Emocionar-se com as cores que vibram
Lembrar, formar, guardar coisas boas
Expurgar coisas ruins
Arte é viver livre assim! Sentir!
Dançar feito quem reza

Qual primeiro ancestral tocou?
Quem primeiro dançou?!
Cantou?
Fez poesia
Fez prosa
E rimou?

Quem descobriu o amor?
Conectou-se à quinta dimensão
Qual primeiro ser sentiu saudade
E percebeu o tempo soprando na gente
A distância?

Quem almejou voar
E se viu preso ao chão
No abraço gravitacional
Do planeta em rotação

Me imagino vivo e me reinvento
Não precisa se dizer poeta pra viver
Tudo isso é simplesmente bom
Sigo como os Anicetos pássaros
Tocando con mi corazón
Voando nesse vale de dádivas
Caetano ouvindo Santos Dumont

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

Correnteza

Ela fala fazendo poesia

Olha pro tempo e pressente a chuva

Abre os braços e prevê os ventos

Profetiza o fim da solidão

Talvez, pra ela

A vida seja um rio

E a gente, um riacho

Quando as vezes,

A chuva aumenta a correnteza

Assanhando às aguas
Mas aí a tempestade passa

E fica nos olhos, no corpo

Suado, suave e brevemente

Essa cor marrom dourada

De quem tira a poeira da estrada

Desnudando o corpo sem mágoas

Na doce fluidez da calmaria das águas

sábado, 14 de janeiro de 2023

Nublado

Sonhei que as plantas tinham sede
Acordei chovendo
Minha mente era terra semeada
Meu coração um céu nublado
Minha alma um quintal
Bonito pra chover