As palavras, em seus sons, estão aqui em processo, se transformando, como esse texto, incompleto, que um dia terminarei. O papel virtual de minhas realidades, sendo escrito enquanto logo, meus dados, na máquina, na rede de rendas digitais. Nas ladainhas, aboios e encantamentos, sentimentos ou/e em outros infindos indícios analógicos, que sim, ainda existem! E resistem, a qualquer falsa ou equivocada idéia de modernidade ou tecnologia. Tome cuidado com os meus acentos.
Eles podem brincar de mudar seus sentidos.
Estamos subentendidos?

sábado, 9 de abril de 2016

497 - Cosme Velho

Aguardar o 497
É padecer na esperança 
É duvidar da inabalável fé
É dormir e sonhar 
Adolescentemente 
Acreditando no perfume
Distante do tempo
Misturando-se 
À fragrância madura das laranjeiras
É viver a vida é seguir
Compor poesias
E rejuvenescer
Saudoso desejando
Encontrar o velho Cosme
Ainda vivo

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Saudade

A madrugada pode não ter suas cores
Em cinquenta tons de cinzas não lidos
Cegueira que estremecem os olhos
O aperto dos dentes travando a língua
Em susurros ou berros dos mais diversos amantes
Do copo quebrado à freqüência que escapole dos velho estereofones
Os sons perdidos por algum descuidado bêbado
Ou a fugitiva trilha da insone minissérie do apartamento vizinho
Confundindo-se com os felinos que percorrem os telhados sem medo
E os pré-históricos veículos a combustão
Rasgando a paz dos que abstraem ou bem convivem com sua intranquilidade

Se mantenho a luz acesa, vejo você claramente
Se apago as luzes
Ouço a dança dos seus passos no escuro do quarto
Sinto a melodia do seu cheiro
O peso leve do seu corpo em pele em mim
A harmonia do seu amor presente
Mesmo distante fisicamente

O zumbindo do silêncio em sua canção de mistério
É na verdade suave, a sintonia de minha confidencia
Minha consciência numa frequência divina feminina
Que me envolve em fé, segurança e desapego

Eu em um franco diálogo com minha individualidade
Em meu pretérito espírito e mente presente,
Não sei se estou domingo ou acordado
Por quantos segundos ou milhões de anos
Estou assim, sorrindo feliz ou brevemente agoniado
Talvez em transe pela abstinência que vibra meus neurônios
Elevando-me a um lugar encantando
Unindo dois pontos do universo
Se abro os olhos, e me cubro dessa verdade?
Se fecho os olhos, e sonho teus beijos?!
E se tudo isso for apenas na verdade
Uma poesia que lhe faço
Na saudade que me ensina
Que me inspira
Que me incita
Os desejos?

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Promessas

De meus pedidos
Como os três nós
Da mal colocada fita
Reinvento minha crença
Na poesia do sertanejo
Desfaço os laços
Então refaço
Os desejos



Avenida Paulista

No fim da tarde
A canção prisma no horizonte 
Ignorando os carros
A luz que reluz
(Seduz, deduz o transeunte)
Escorre por entre
As partículas subatômicas dos desejos
Sejam ou não egotistas
Os olhares se refletem
No dia que vai, que se esvai
Trazendo seus ais,
Na noite que vem
Trazendo ausência
A saudade do meu bem
Tocando minha paciência
Que pedala apaixonada
Pela avenida paulista
Como quem sai pra comprar pão francês
Na esquina de casa