As palavras, em seus sons, estão aqui em processo, se transformando, como esse texto, incompleto, que um dia terminarei. O papel virtual de minhas realidades, sendo escrito enquanto logo, meus dados, na máquina, na rede de rendas digitais. Nas ladainhas, aboios e encantamentos, sentimentos ou/e em outros infindos indícios analógicos, que sim, ainda existem! E resistem, a qualquer falsa ou equivocada idéia de modernidade ou tecnologia. Tome cuidado com os meus acentos.
Eles podem brincar de mudar seus sentidos.
Estamos subentendidos?

domingo, 18 de dezembro de 2011

Caminheiro

Se avexe meu destino
Que eu não espero mais nada
Já estou envelhecendo
E ainda sigo nessa estrada

Desde quando eu era jovem
Que eu sonho com a chegada
Em uma terra distante
Que me dê paz e morada

Pre'u poder cantar repente
Menestrar nas alvoradas
Pois de lá de onde eu venho
Onde a morte castigou
Tive coragem eu lutei
Mas a seca ecoou
Numa cantiga encarnada
Que quase me dominou

Lá não podia cantar mais nada
Não havia nada vivo
E a morte não canto mais não
Pois o poeta quando canta
Ele canta de coração
E meu peito se encheu de morte
E tristeza não aguento mais não

Hoje eu sigo pela estrada
Entoando a solidão
Procurando u'a melodia
Pra alegrar meu coração

Minha Rainha

Minha flor morena
Tão cheia de cores
De tantos perfumes
De tantos amores

Onde me cabe em seu peito?
Onde me cabe em sua corte?
Como um bobo dos teus desejos?!
Um saltimbanco de tuas paixões?!

Oh! Minha Rainha!
Vinde em tua realeza
Em tua força
E tua delicadeza

Árabe, negra, cabocla,
A rodopiar feito criança
São minhas as tuas asas?
Seja tua minha esperança!

domingo, 27 de novembro de 2011

Modernos Símbolos

Entre um gole e outro de silêncio
Mastigo em movimento, crenças e fés irracionais
Trago canções que vou recolhendo no tempo, nada mais
Nas esquinas, nas pessoas, das melodias e barulhos urbanos
Tudo se choca, e se quebra, e se re-une no sertão no meu peito,
E pelas veredas e becos e praças, vivo vidas às milhares
Sonho sonhos, durmo, acordes, morros, renasço
Sempre tanto, sempre tudo. Envelheço criança
Madrugo, amanheço, entardeço, anoiteço
Mas nunca cambaleio, ou retardo,
As vezes quando descanso
Firmemente, observo o firmamento.
Leio a poesia dos astros
No céu está o destino

Busco nas estrelas o sentido pra me reencontrar
Porque aqui leio placas mas sem entender,
Apenas caminho os caminhos a serem seguidos.
Vejo maldades, vejo bondades!
Invêjos, invejos, inversos, dispersos, incertos, carinhos.
Sempre tão, tantos, tão indecifros
São estes pré-fabricados
Modernos
Símbolos.

Alma de Flores

Pela janela do meu apartamento
Acabou de entrar um vento
E era o cheiro do quintal de minha casa
Num sopro de lembranças da minha infância
Ouvi a voz do meu pai me chamando ao trabalho
A voz de minha mãe me chamando pra comer
Os gritos de minhas irmãs e irmãos em algazarra
Misturado-se com os sussurros dos vizinhos
O som dos sinos, das antenas, das sirenas, das luizinhas
Meus inventos e magias
Em uma tarde em desencanto
O Juazeiro em romarias
Me senti meus filhos...
Brincando.
E se foi o vento
Mas o meu pensamento
Como que no futuro
Lembrando o passado
Ficou num perfume
Para sempre presente
Algo parecido com alma de flores
Ou seiva de alfazema

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Asa Quebrada

Estou de asa quebrada
Meu canto pende
Meu desejo era voar
No imenso da tarde
Para te encontrar

Tanto já aconteceu
Foi um milagre
O sonho do Juazeiro
Movendo montanhas
E um vale inteiro

Pois só o amor nos livra de todo pecado

Aquela nossa história
Varou o tempo e se perdeu
Quem sabe já estávamos juntos
E nem nos demos conta
Conta por conta
Um día agente se encontra

Seguirei essas candeias

Se não agora
Dia de finados
Amor penado
Se não então
Te dou louvores
Na romaria da Mãe das Dores
Essa canção correrá toda cidade
Vencendo toda maldade
Pra só restarem os amores

Pois só o amor nos livra de todo pecado

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

É isso

Va menina, mas, não leve essa dor
Mesmo que meu peito ja não faça diferença
Quando acreditas em mim
Ou me tens descrença

Sim, eu sei, esse é um samba triste
Mas tem a sua fortaleza
Eu o fiz pensando e você
Inspirado em sua beleza.

É isso. Sempre podemo escolher
Guardas mágoas ou ficar bem
Que então sejam de alegria
Essas lágrimas que nos vêm

Foi muito bom tudo o que passou
Tanto que nos temos saudade
Mas é isso, a vida seguiu seu rumo.
Que do nosso amor fique a amizade.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Indo na Contra-mão (Vontade Maria)

Se nesses contrários sentidos
As mãos bailam
Enquanto se move o corpo,
Se tua alma desenha no vento
Um movimento de fé,
Em favor do teu sorriso,
Ou de tuas lágrimas
Qualquer sentimento
Mas, que seja verdadeiro.

Segue então em tua contra-dança
Pois se teu sentimento inverso
Nesse momento é necessário,
Como um Belisário verso
Que se escuta com o espírito
E se declama com o coração,
Vai Maria! Segue nessa contra-rima
Mesmo que opostos, os caminhos,
Nos dão a certeza, nossos carinhos
Que mais tarde ou mais cedo, se encontrarão
Os sonhos que voltam e meiam e vão
Seja no fluxo mais óbvio da vida
Ou em tua contrariada, momentanea
Resguardada ou espontânea, vontade Maria.
Seguindo pela contra-mão.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Paixão na realidade

Não me olhe dessa maneira
Pois minha vontade,
Ainda menina, é passageira
Pode não voltar. Sair brincando.
Esconda seu olhos
Desperte o desejo dos meus, olhar.

Apenas quando você cantar
Estarei vulnerável
Com o destino favorável
E eu dançarei como o vento
Na cadencia de seus passos
Não acontecerão atropelos
Embaraços. Lembre-se,
Porque nada disso existe
Tudo isso inventamos
O encontro
As palavras
As canções
As danças
...

O beijo,
(Só pra constar,)
Pela sua incapacidade de fingir
Creio que foi de verdade.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Não.

Não faça mais isso conosco
Não aceite mais meu beijo fosco
Pra que o nosso eterno jardim
(Isso por você e por mim)
Fique ainda mais florido
Como nunca antes
Dai-me o teu "não" colorido!
Do teu sorriso sou inmerecido.
Dai-me tua voz alterada, cortante
Tua nobre fortaleza apaixonante
O teu olhar que me deseja distante.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Reciclos

Vamos vivendo
Ensaiando existências
Até que chegue uma eternidade
Seja ela qual for
Seja como flor
Doe sua seiva
Viver
Morrer
Nada, não simplesmente, passa
Tudo finda e recomeça
Animal
Vegetal
Mineral
Mas, sempre
Em cada alma
Um só espírito
A natureza
É o que nos resta.

domingo, 2 de outubro de 2011

Sonho

A pouco
Levantei num susto! Havia cochilado...
Olhei pra o relógio, vi que estava atrasado.
Fui, arrumar-me pra sair, era uma noite especial.
Tudo estava perfeitamente anormal.
Banhei-me,
Lavei os cabelos,
Escovei os dentes
Vesti meu traje mais belo
Calcei meus sapatos novos
Coloquei meu melhor perfume
Fui até a sala, e peguei minha cartola, a bengala
No espelho, conferi meus cuidados com esmero
Percebi que estava faltando algo...
Olhei bem, virei de costas, de lado, conferi o hálito, o desodorante,
Apalpei a gola, revi as mangas, franzi a testa, sorri forçado... estava tudo ajustado...
Mas, ainda faltava algo...
Pensei um pouco.
Então descobri! O tempo todo não estava na minha cara. Era tão óbvio...
Faltava meu corpo,
Eu o deixei em sua casa, essa noite passada, entre nossos sonhos
Vou cuidar de busca-lo, enquanto ainda durmo.

sábado, 1 de outubro de 2011

Agora estou na estrada
Não sei até quando
Nem se, terá, será, um fim
Mas mesmo quando não estou, eu sôo
E vivendo vôu, assim
Seguindo a caminhada
Da estrada que está em mim

Ilusão Sonora

Não se engane,
Esses olhos quase
Ou nada vêem!

A luz refletida em teu corpo sonoro,
Toca-me mais os ouvidos e coração
Me iluminando os sentidos
Na velocidade do sonho,
E não nos transformaria em nada
Que não pudéssemos existir aqui
Nesse plano. Nesse meio, tempo.
Mesmo que mudemos tudo de lugar
Pedras, águas, ventos. O fogo transformador...

Palavras e idéias
Vividas, pronunciadas
Sentidos diversos
De versos sentidos
Incontidos,
DeCantados

Em meus poros
Em tuas narinas
Minhas premonições
Teus instintos,
Felina.

Não nos des'enganam, os sentidos?...
O que é meu, o que e seu?
O que ficou desencontrado
No espaço-vento, intocado
Entre o meu corpo e o teu?

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Alma Moderna

Tenho pra o agora
Na luz dos antepassados, uma janela
De onde tão bela-e-tempestuosamente
Observo e sofro a acção do tempo e do vento
Esse sopro que não é de hoje, as vezes do ontem. Quase sempre do amanhã...
É a voz dos que me circundam.
Cada pessoa que tenho conectada, só me faz crescer. Soma. Fortalece.
Contínuo-ando. Cada célula em mim, que morre, faço questão de torna-la eterna.
Pois aos poucos, meu corpo, se transforma, e cede a condição humana, ao ciclo natural da existência.
Tão pouco, falo de ciência, ou meramente, da poesia que digitalizo e rompe a frieza dos bytes
Talvez alquimia, ou algo que esteja mais no plano do encantado
Um transe, tecnologia que seja...
Mas, independente dos fins, vivo aqui com vcs, :) em abreviatura de chats e essa nova relação com o meio, os meios, em processo.
A virtualidade, como extensão da realidade
Não diminui ou substitui o que que fomos ou o que seremos
Em meu ver, apenas amplifica, e leva a outros, novos planos,
Os sentimentos.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Olhar

Se ele não vê além do preto e branco
De nada adiantaria o seu vestido florido
A não ser que ele encontre no caminho
O imprevisto, sábio olhar de carinho
Que enxerga
 no mundo o colorido
De quem não se limita à visão dos olhos

domingo, 4 de setembro de 2011

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Choveu


Choveu neblinou, minha criança
E eu sai na rua a brincar
Feito louco, mateus, feito menino
Imaginando que você estivesse lá!

Mas se foi a chuva, passageira
Só deu tempo mesmo de sonhar
Que cada gota d'água era uma escada
Em que eu subia o céu pra lhe encontrar!

Agora ficou só o frio e a saudade
Virgem Maria que eu to pra padecê!
Porque o frio do corpo, eu até passo
Mas minha alma só se aquece com você!

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Idade


De uma certa forma, abstratas
Um nosso amor ainda existe
Só que o meu peito resiste
Em requerer teu coração.
Pois se não fosse a idade, a razão
Outras tantas paixões me sustentando,
Inda hoje eu estaria sonhando,
Nos teus beijos, teu olhar,
Me em cantando
Hoje ao olhar pro tempo,

Nada estranha a mente,
Sei que na tua prosa
Sem ter um nome,
Minha saudade
Te consome,
Silenciosa.

sábado, 27 de agosto de 2011

Natureza


Eram tantos os sinais de tua natureza
Anunciando as chuvas, os estios,
Em seus ciclos, os fins e recomeços.

Não sei porque insisti
Não observei o meio.
- Talvez abrupto, pela ação do tempo
Ou quem sabe em transe,
De som em sonho, encantado.

Observando as estrelas,
Segui, fiz meus sacrifícios.
Sangrando em tua dor
Ou cantando em teu sorriso,
Fiz tudo o que foi impreciso.
Não me arrependo por isso.

Vez em quando ainda pendo
Mas tenho teu equilibrio
E solidez, e esperança
Estou na maciez de tua lembrança
Acalentado. Amamentado
Como uma criança.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Verbo Sentido

Aquela lágrima,
Não.
Não era uma lágrima de alguma liquida incerteza
Vento caído, terçol, nem de irritados ou mal-olhados, ou mal-amados, olhos.
Nem por mó da poeira da estrada, de alguma desadespedida tarde.

Nem da borrada maquiagem,
Que se aqüefez, n'um soluço que também não, não era de embriaguez
Nem da incerteza bebida, ex-tragada
Nem muito menos, dos anos, fingidos, fingida, ou inventada.

Aquela lágrima, solitária, não era de rijeza.
O suspiro realmente, não! Isso não, essa não, não era de tristeza

Aquela lágrima, era de fato.
De alguém que percebe a cena,
Na triste sina de Cassandra
Na constatação de um coração partido, atrasado.
Porque sempre, há um tempo ido, nunca ainda vivido
Na conjunção de um verbo sentido, mas, quando impronunciado.

Um sonho no Juazeiro

(Numa região paralela, sertão)
O corpo ainda dorme,
Caminha sonâmbulo, vinolento
Pelo centro nervoso da urbe
Uma peleja, desafiando o tráfego
De informação, e outros dados
Enarmonizando os sons, os sonhos,
Entre Seus Zés e Donas Marias
Crianças Cíceras,
Pastoras e anjinhos
(Ao longe, ruídos e freqüências,
Zambumbas e pífanos, torés)
Almas-vivas, penando
Criaturas estranhas nas ruas.
Pessoas, seres fantasticos de carne, osso
Cera, gesso, barro ou imburana
Desse e dos outros mundos, além.

Existe aqui uma certa beleza, mas, discreta
Ou encoberta, esquecida, ou quase apagada
Como lembrança, beata.

Sigo o fluxo dos pensamentos
Nas virtualidades da fé
Entre candeias e trevas
Poesias penadas
Em romaria
Pra salvação

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Joana Madrugou

Joana madrugou, madrugada!
Quais canções foram tocadas?
Em quais desejos, harpejada
Acordada, ela sonhou?

O que compuseram seus segredos?
Do juízo até os dedos
Da cabeça ao coração

Vidas?
Lembranças?
Em suas mãos, inspirada
Tão linda! Em seus anseios
Insone, debruçada.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Um acalanto e uma benção (Carneirinhos)

Carneirinhos. Sim, menina!
Eles sobem pelo horizonte
Onde o chão toca o céu, ao leste,
Brincando de voar, se transformam,
Em nossa imaginação

No perfume da rosa dos ventos.
No movimento da rodas do tempo.

E tudo estava claro,
Perfeitamente,
Na timidez silenciosa das flores.

Essa noite serão outros sonhos
Eles nos dirão sobre o nosso futuro.
(De três em três, por ti passarão, derradeiro ficarão
Se não for o primeiro, será o de atrás)

Do passado ficamos com tudo!
Agora fecharei os olhos e contarei lembranças,
Como esses carneirinhos de nuvens!
Me embalando na imensidão.

Olho pra ti
Segurando em tua mão
E como se fosses minha mãe
Te peço um beijo de boa noite
Um acalanto e uma benção

Relatividade

Agora, a pouco, o relógio olhou pra mim como se eu fosse um corpo estranho a pulsar
E ele me resmungou por alguns segundos, algo distante, relativo ao futuro
Coisas que de qualquer maneira, só entendi no instante em que passou.
Eu respirei, suspirei, e ignorando seus seus tic-tacs, pude sentir meu coração
Parti em minha natureza, porque já era hora.
Antes tarde do que nunca...


Daí olhei pra fora de mim
Então percebi que a manhã se foi
Já havia se ido
A tarde
A noite se foi
A madrugada


Fiquei pensando, inspirado
Na relatividade dos sentimentos

O teu amor me despertou
Por tua causa refleti o agora
Por teu efeito e filosofia vã
Que senti, que percebi
O quando havia se tornado hoje

O amanhã.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Bandeira Verde

Se foi a manhã.
Ja é detardezinha,
Daqui a pouco anoitece.
Está em tempo, os astros
Observo o firmamento.
Sigo em conjunção, em oração
Em minha natureza.
Me afasto um pouco
Hasteio bandeira verde
Demarcando a solidão necessária
Fico em silêncio, introspecto
Sintonizo com o mundo
Da forma mais clara e precisa
A candeia divina me ilumina o externo
Por dentro reencontro os anseio e desejos
Encaro as coisas que me foram colocadas, muitas delas escolhidas
E entre uma lenta respiração e outra, o orvalho da floresta
Sons de maracas, zabumbas e tabocas
Meu povo se aproxima, a reunião está começada.
Falamos da saudade, e sorrimos,
Pois sempre sabendo do reencontro.
As mãos que tocavam, os rostos que tocavam, as canções.
Os pés que dançavam, os corpos que dançavam, as canções.
Amanhã estarei no presente novamente.
Hoje é passado e futuro.
Salve.

Caminho

Vá!
Leve, consigo, as coisas daqui, não as deixe pra trás!
Carregue o tempo necessário pra mudança
Monte um vento em direção ao alto!
Faça de contas um rosário de sentimentos
Traga-o sempre perto do coração
Assim, lembrarás que o inicio e o fim
São apenas coadjuvantes do todo
O meio, o processo, a vida agora
É o que é importante
E simples
Como brincar
Feito crianças

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Felicidade

Num tango ethereo,
Ao som das luzes celestes,
Trago uma flor nos dentes pra ti!

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Dúvida

Agora a pouco senti falta de algo que não sei
Que desconheço? Inadimito?!
Uma coisa essa estranha
Ancestralidade?
A voz do infinito?
Ouço o som do tempo passando em minha mente
Talvez seja você simplesmente
Me falando ao pé do ouvido
Talvez seja eu mesmo
Imaginando, substanciando
Surtando, na abstinência de ti
E eu não sei se canto uma canção pra você ficar
Ou se bato um tambor pra você partir.

Sina de Tocador

Foi no Cariri que eu nasci e me criei
E bem novo eu botei na cabeça: - Eu vou tocar!
Eu tive que lutar pra poder se tocador
E a vida me ensinou a ouvir tudo e cantar

A minha sina é a sina nordestina
É o verso, é a rima do meu canto popular
E o cantador que não esquece sua gente
Sempre leva em seu repente o valor de seu lugar

Posso até ser um cantador sem muita sorte
Mas se a vida fez um corte no meu peito penitente
Trago essa dor e a canto com alegria
Essa é a sabedoria que ilumina o meu presente

sábado, 25 de junho de 2011

Amálgama

O que ficou de nós foi apenas uma vida inteira
De duas partes, a ser vivida, num só corpo.
Pois hoje eu acho é pouco
O que restou foi tudo
Um todo, um sonho realizado
Sem motivos pra voltar atrás
Tudo ficou pra frente
Em meio a tantos amigos
Familias
Tanta gente...

Estranha-me

A forma como tudo começou em um fim.
Esse é um recomeço que temos
Num fracasso bem sucedido,
Bem resolvido
Bem vivido
Ao menos.

Hoje, depois de tudo dividido
Apenas ficou o que juntamos
Essa vida
Inteira
Parida

Nossas velhas lágrimas.
Nossos novos sorrisos.
Dividindo um mesmo rosto

Estás aí?

Não consegues ver? Sentes?
Estou a cantar outra vez, como nunca
As mesmas palavras de sempre, mágicas
Nas cores que circundam teus eternos versos.
Seja numa roda de poesias que te faço
Ou numa valsa que apenas sinto
Eu lembro de ti, e pronuncio teu nome
Mesmo quando não posso

Querida, ainda estás aí?!
(- Prefiro não abrir os olhos...)
Vamos, diga pra mim uma coisa, tranqüila
Uma daquelas suas histórias tão lindas
Pra que eu possa voltar a lhe sentir
Mesmo que nunca tenha estado acordado
O que seria pra sempre
Ou pra o agora?

Agarrado em tua lembrança
Queria sonhar pra te ver sorrir
Mas a saudade, menina
É uma senhora
Que não quer dormir

Passou

Não.
Não falo do que eu tinha pra ti
A questão era sobre
O que tu tinhas pra mim.
Tudo.
A luz que transpassava tua aura
O som que ecoava na tua alma
E a certeza da felicidade.

Acontece sem querer
Guardei também, todas as respostas enfáticas, atordoosas, maltratantes
Até as silenciosas

Sim. Tudo bem, eu sei que passou, não é?
No fundo o que trago essencialmente comigo,
Talvez, além da dúvida,
Seja a certeza do melhor pra ti
Teus conselhos sempre, presentes.
Engraçado falar hoje no tempo passado.

(Em meu peito musicado uma saudade-violão
Me assola quando emsagrado sangro um solo
Quando acordo e acordas,
Empunho um vento-garganta
E sopro a poeira emlembranças
Do meu coração.)

E enlouqueço quando tento
Tua ausência enfrentar
Em minha fome, minha sede
Lhe transformar

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Harmonizado

- Sem você, minha música
Corria a gritar silêncios insensatos.
Mas em sua presença, vivo, num transe divino,
Rodopio e traduzo sonhos!
Quando em vez, rogo o futuro
Sintonizo em teu templo sagrado
E ouço o som dos antepassados
Em canções de bençãos e sabedoria.

domingo, 12 de junho de 2011

Reencontro

Ela retornou, trazendo nos olhos, claridade
Cantando em trovões e estrelas cadentes
Riscando o céu, com seus lábios
Pronunciando lunares encantos

Eu tinha sua razão em mim
Encimando-me, ensinando-me, existências.
Na face, o sorriso de quem ama
Com uma paixão que sustenta-se,
Na realidade virtuosa dos poetas

Ela falava na voz dos astros.
Com todo seu corpo
Sentindo o tempo
Nos dedos,
Pincelando cordas
Desenhando músicas
Lendo mãos.

Nos olhamos
Suspiramos
(eu senti sua respiração)
Seu hálito quente beijando meu rosto

Ela falava de infinitos na língua dos ventos.
Arrebatava meu peito, a flor de seus gestos
Silenciava meu canto, a cor do seu sorriso

Eu fiquei ali como uma criança
Em sua voz, em seu colo, embalado
Dominado por sua luz intensa
E feminina presença,

Apaixonado.

Antes eu desconfiava
Toda minha vida era você

Agora
Tenho certeza
Ao te rever

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Afinal de contos

Nas noites acesso
Na incerteza dos dias
Recompus a paisagem que me distraía
Num transe, ao som da tua impresença
Soando com a banda de mim, que te recebia em euforia
Nos festejos dos nossos santos dias.
E tudo isso o que eu não sei mais se existe
Mesmo de uma forma comum, ou um simples desejo
O admitir da insistência, ou da saudade permitida.

Arranjo uma loucura qualquer que restou de nossa paixão
E o canto?
De onde vem?
De onde venho? isso!
Pra onde vou?!
Pra onde vais?
Eu insisto,
E assisto!
Minha postura imprecisa, imprevista!
Eu nem se quer esperava mais isso de mim!
Mas foi. Fui. Sou essa palavra crua buscando rimas
E falo repetidamente, como se não tivesse mais o que dizer!

O que fazer?!
Silencio ou esbravejo minha falta de inspiração
Guardo pra mim ou dou pra todos
Essa acidez a corroer o passado?
É. Mas tudo isso é bom...

Afinal de contos,
Aquela velha história,

O fim é um recomeço

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Soando

Agora penso que sou simplesmente aquilo que canto!
Mesmo quando calo ou despronuncio silêncios!
Meu olhar quando interpreto, meu movimento
Os gestos, o trupé dos meus passos
Nada teria sentido
Tudo estaria incompleto.
Se não fosse a música em meu peito
Minha alma já teria partido sem jeito
Por não encontrar vida em meus versos

terça-feira, 19 de abril de 2011

Infelizmente,

A liberdade não nasce do silêncio.

O próprio direito do silêncio,

É uma conquista do grito.

Meus Versos

Que segredos são esses que te vestem,
De quando em vez, quando me despido?
Quando desperto e me disperso em teus versos,
Ao provar dos desejos de tua pele?
Que voz é essa que te encanta e cala
Que estronda feito beijo e profecia
Nos finais de todas as nossas noites
De todos os nossos dias?

Que amor é esse que te distrai e atrai a confiança
Quando se sentes criança a brincar em meus braços
Que te rabisca, te colori os traços, que te balança

Quem é você que me lê?
Quando quer me entender
Que me consome
Quando, da forma que quer
Quando bem-me-quer,
Me interpreta
Me recita
Me excita
A palavra
Em versos
Os sons
Em canção

Os sentimentos que descrevo
Ou os que não me atrevo
Ou os que não consigo.
Não

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Entregue

Admiro tua simplicidade
E a cada momento de descubro mais assim
Complexa como a força de tua beleza
Cantiga de roda, loa, peça de reisado
Feito lua, estrela, cigana ou borboleta

Nada de complicado em seus exigentes cuidados
Tudo de suave em suas certezas de menina
Doce em teu silêncio
Tempestuosa em tua voz cantante.

Tua gentileza chega a ser agressiva
Quando defendes o que acreditas
Impondo teu olhar de felina

Teu perfume chega a ser um abuso
Quando te recolhes em teu mundo
Mas deixa soar pelo vento
As cores de tua alma-rosa

Exalando essa nobreza pelos poros
Espalhando pelo tempo, timidez
Teus mistérios que me envolvem, carinhos.

Se eu te trago um sorriso entre os dentes
Meio bobo, ou menino palhaço mateus
É porque te vejo e de alguma forma lembro dos meus
Dos dias mais lindos que pude viver e sonho
E lembro e penso que tudo pode ser melhor
Que você pode ter consigo
Os sinais que busco pela existência

Um amor tranquilo, uma paixão que seja
Mas sempre uma poesia, e que nos dê certeza
Que não é atoa que tua beleza me encanta.

Em teu silêncio, te vejo canção
O teu olhar de imensidão
Teu cheiro dominou meu instinto
Assim entreguei-me ao que sinto
Me chego e nos deixo em tuas mãos

quarta-feira, 23 de março de 2011

Dois

Uma das mãos acenava
A outra guardava uma flor
E o sorriso era de quem tinha saudade
Um dos olhos estava no tempo em que nos conhecemos
Ou outro me fitava, querendo me despir
Num ouvido ela tinha o vento
A canção que sempre lhe guiara
No outro, meu beijo a lhe enlouquecer
Em uma das narinas ela tinha o perfume
O lugar que nunca deixou
Na outra, meu cheiro a lhe descontrolar
Num seio ela tinha meu coração
Que muito além do prazer
Sentia pulsar a paixão a povoar os sentidos
No outro ela tinha meu amor jurado e desejado
Na boca ela tinha carinhos
O prazer se fazendo canção
E o meu corpo vibrava no seu
Uma linda melodia, numa leve tensão

E a cada respiração diminuíamos
A saudade e também todo medo
Os sentidos já estavam perdidos.
Só sabíamos o que precisávamos,
Vivermos como nunca e sempre
E refazer exatamente tudo diferente
No abraço sentimos o mundo
Lembrando-nos que éramos
Apenas duas crianças crescidas
Se reencontrando a brincar

Nada, é impossível!
A realidade vivendo e sonhando
Dois corpos num mesmo espaço habitando
Um só lugar

segunda-feira, 14 de março de 2011

Representando

Amei tudo o que vi
O que senti
Era real, era verdade!
Treinei, para manter-me na felicidade
Compreendi a dor
A dor humana
O amor e o suor
Técnica e evolução
De dentro para fora
Foi uma revolução 

Resisti, a lágrimas
As lágrimas minhas!
Éramos atores,
Brincantes, cantadores!
Numa cena simples:
Você me sorria
E com os olhos
Me oferecia flores
Assim, sorrindo, florindo
Indo e vindo
Nas vidas, nos resquícios da alma
Éramos sonho nas verdades
Tudo antes, tudo agora e assim sempre!
Nossa vida
Nossa arte.

Os aplausos fazendo festa!
Era tudo o que precisávamos
Que fossem vaias, não nos importávamos
Pois o apoio, era a segurança que tínhamos
Criticas e falsas tranquilidades
Não me faziam desacreditar
Naquilo que a princípio, e por fim,
Sempre seríamos e estaríamos
Juntos a representar

O palco, a platéia
Nossas músicas
Nossas interpretações
Nossa arte, nossas idéias
Transformando corações

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Transfiguração

Espero que eu não tenha sido tão seco,
Ao pressentir que fosse apenas mais um
Espero que tudo tenha sido um desengano
Quebrando os planos de quem não se apaixonou
Tudo bem, que você vá embora, mas não assim, escancarando,
Não encarando tudo que aconteceu, e o que já passou.
Pois que o tempo seja tão bom conosco
Como é com quem foi, e não deixou de ser amor.

Hoje sou um corpo sonoro a mercê de tua voz, abusada
Uma alma penada no desejo de tua boca, vazia
Sem gestos, logo depois que tudo se acaba.
Que eu seja calor, que eu seja frio, intenso!
Algo que vá aos extremos da matéria.
Que eu me decomponha em tua presença, já tão seria
E renasça mais vivo, talvez, no Araripe
No sentimento sereno das árvores
Ou na poesia e perfume de flor.

Que eu siga nas partículas levadas pelo vento
No canto de qualquer poeta estradeiro
A varar sertões e cidades, alegrias e tristezas.
Caia na imaginação do povo simples, “comum”
E me transforme em versos e prosas sob o luar
Que o orvalho da noite banhe minha alma
Essa essência andarilha, errante, multicolor.
Que venha o sol! O tempo!
E eu caia no suor sagrado da gente trabalhadeira
E acabe sendo novamente uma paixão matuta, verdadeira
De qualquer ingênuo e inocente cantador

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Uma canção ou você!

A dias que te procuro, procurava!
As noites em que o escuro me assombrava.
Da dúvida, e em divida com a solidão,
Na saudade, pensei no que existi.
E além,
Na amizade.
A lembrança de teu sorriso, e adormecido.

Em um som que desistiu de ser silêncio
Impondo a voz que me resta em um pêndulo compasso
Vou me afinando, e desafiando essa distância e gravidade
Pra que num inesperado movimento, rompendo os planos presentes,
Eu me ajoelhe, juntando as mãos, esperando que ela sinta, sei que ela se sente.
Minha voz entoando uma prece.
É o que parece.
Amém.

"Onde você estiver, que minha oração, cantada em benditos, te encontre e acompanhe teus passos.
Lembre-se de nós, e de quando caminhávamos descalços por nossos jardins de sonhos.
No fundo tu sabes, que sempre me entrego a ti mais uma vez,
Como sempre, pela última vez,
Como se fosse sempre,
A primeira vez."

Vou acordando, retomando os sentidos
Retornando aos escritos, e cantando.
Caio em minhas inspirações, observando
Que fico assim, de cara com o tempo
Com vontade de gritar, de correr. E admito
Outra paixão qualquer não me acalma!
Pois só me refaz a alma,
Uma canção
Ou você.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Fundição

Sou um filho do sol. Necessito do fogo, seu calor, sua luz
Pra fundir os fragmentos que ficaram de tantos, de sentimentos, poesias e transcendências.
Almejo uma liga leve e forte que sustente minhas palavras e sons, minhas canções, existências.

No momento exato da criação, posso até transbordar de tanta inspiração
Mas o que respingar na terra ou evaporar nos ventos, como partículas de amores,
Não poderia ser outra coisa, além do perfume das flores.
E claro, isso nunca agrediria nosso meio.
Estamos conscientes.

Desconfio que a maior parte dessa matéria incandescente virará poesia,
Mesmo que silenciosa ou opaca, como o tempo, consumindo-me.

Se vier o brilho, o som, ou as cores em uníssono ou refratadas
Que eu mereça os segredos das matrizes em fim, em mim, resignificadas,
O amálgama dos sentimentos que reencontro, mesmo nunca estando pronto
Cada gota de suor que me resfria o corpo máquina, e me purifica a alma,
Num movimento de transpiração.
Pra que eu esteja untado, para receber a divina energia celeste,
Em sua conjunção com nossa natureza terrena, e seus elementos
A alquimia dos sonhos das realidade.
E tudo o que eu precise pra me transformar no que sôo
Algo entre a ciência e magia
Que a humanidade
Embrutecida
Renegou

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Sintonia

Hoje não quero mais
Apenas aqueles sons de ontem!
Quero a música do amanhã, agora!
Que seja um estrondo rasgando saudades
Ou o silêncio do passar das horas!

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Memórias?!

Cariri dos Encantados - Foto de Thailyta Feitosa
Exatamente agora, sinto falta das paisagens verdes das estradas do Cariri, transformadas pelas chuvas. Na memória, sigo atravessando a colina do horto, subindo a serra de são pedro. (Num devaneio, como um sonho dentro de outro, Saudade também do sitio cipó, minha infância, e de mestre Pedro Oliveira, rabequeiro) Me atino pra estrada, cruzo a saudosa Caririaçu, dos pequenos indios, dos franceses, do Pe. Cícero. passo pelos Caboclos e chego no lugar de onde nunca parti. Estou sonhando? O que é real? Minha mesa de papeis e carimbos e virtualidades ou a cascata que perfura a rocha a milhões de anos onde me banho, exatamente agora?!

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Treme-Terra (ou Grito de Guerra)

Cada dia é mais um dia de mistério
Sei que vai ficar mais sério
Vamos ter de conversar
Sobre o destino de tudo
As nossas vidas o mundo
Pois sem amor onde é que as coisas vão parar?

Esse teu beijo é pecado na boca de quem lhe roubou
Esse teu cheiro me invade lembrando o que passou

Até parece saudade
Nem posso acreditar
Que ainda penso em você
Depois de tanto penar

Essa paixão é canção de louvação ao passado
Essa paixão é zabumba dançado improvisado
É uma pareia de pife tocando bem afinado
É um chiado de prato num contra tempo danado
Meu peito é paixão, é revolução
Minha voz canção, é grito de guerra
Descendo a serra, subindo ladeira
Fazendo zoeira em meu peito se encerra
Levanta poeira amor treme-terra

Ainda penso em você

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Impaciência

Um dia desses eu me desespero
Não mais te espero!
E sem pensar, faço mesmo! Isso! Me desfarço.
Invento um loucura pra te ver
Pego meu violão
Te canto uma canção
Uma dessas antigas,
Que agente diz que acabou de fazer
E fingindo um tipo meio desafinado,
Admito que estou apaixonado!
E que quero você!
Mesmo sabendo que pode ir tudo por agua abaixo
E que poderei te perder!