As palavras, em seus sons, estão aqui em processo, se transformando, como esse texto, incompleto, que um dia terminarei. O papel virtual de minhas realidades, sendo escrito enquanto logo, meus dados, na máquina, na rede de rendas digitais. Nas ladainhas, aboios e encantamentos, sentimentos ou/e em outros infindos indícios analógicos, que sim, ainda existem! E resistem, a qualquer falsa ou equivocada idéia de modernidade ou tecnologia. Tome cuidado com os meus acentos.
Eles podem brincar de mudar seus sentidos.
Estamos subentendidos?

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Soneto de carnaval

Num imprevisto meu coração se altera
Tambor vivo o qual me embalança
Tão linda força que me esperança
Qu'eu já nem sei como meu peito era

E o corpo influi a bailar em canto e dança
E rosno instintos à uivar-te paixão sincera
Selvagem, a tua presença, perigosa fera
Toma-me apenas num olhar que me lança

Felina rainha! Curvo-me à tua realeza
Pois que tua leoa pele não é fantasia,
No carnaval destroçou-me a tristeza!

Devora-me cru até que finde do dia
Digere-me aos poucos. Na noite fria
Porque arrebatado fui por tua natureza.

Fertilidade

As vezes me sinto leve,
Como se fosse me lavrar o vento
E a matéria etérea me ultrapassasse
E-levando o que já não mais nos serve

Tento estar firme, no peso das idades
Pois meus pés adentrando na terra, raízes
Me permitem ir além deste reino.
Ainda estou lá (aqui) implantado
É o que dizem (e me digo):
- As matizes, as matrizes
Tantas cores, flores.
Eu fui. Voltei.
E aqui estou.
O que tinha, plantei por aí, também em mim
Cultivei algumas dores,
As vezes ex-colhi
Quando não, sentia muito, mas,
Sempre vinham outras estações
E já era,
Agradecia a oportunidade,
Por tudo que eu tinha,
Porque quando tudo parece estar perdido
Surgem os frutos da honestidade
Que amadurecem em seu devido tempo
Pra nossa fertilidade

domingo, 7 de outubro de 2012

Tardezinha

E assim vai o dia
Numa calma tarde de outubro
A luz veste-se de um vermelho leve
(Como um profundo desejo breve)
O vento sai desfazendo as nuvens
Desconstruindo o presente.
Vai-se o tempo com o sol.
Na cacunda prateada da lua minguante,
A paz da noite vem surgindo. Menina
Com o seu sorriso escancarado.
-Mas como ela vem bonita!
Dizem as mais brisas.