As palavras, em seus sons, estão aqui em processo, se transformando, como esse texto, incompleto, que um dia terminarei. O papel virtual de minhas realidades, sendo escrito enquanto logo, meus dados, na máquina, na rede de rendas digitais. Nas ladainhas, aboios e encantamentos, sentimentos ou/e em outros infindos indícios analógicos, que sim, ainda existem! E resistem, a qualquer falsa ou equivocada idéia de modernidade ou tecnologia. Tome cuidado com os meus acentos.
Eles podem brincar de mudar seus sentidos.
Estamos subentendidos?

sexta-feira, 22 de abril de 2022

No Coração de quem Canta

No coração de quem canta
Há sempre um sentimento alheio
Um grito de empatia

Na voz de quem canta
Há sempre um silêncio
Revestido de canção

Em todo silencio
Há sempre uma voz que ecoa
Tocando o horizonte
Além dos céus em enumbramento
Mesmo em dias cinzentos

Nunca nenhuma arte será atoa
Enquanto houverem
Silêncios a serem cantados
Muros a serem pintados ou derrubados
Corações a serem libertados
Espíritos carecendo de rezo e poesia

Antes dos Muros

Esses muros
Ja foram cuidados
Rebocados, pintados
Por necessidade e delicadeza
Entre essas paredes houve amor
Mistérios expostos
Segredos guardados
Entreparedes

Havia proteção, medo
Liberdade e posse
Ganchos de rede

Desenhos de crianças
Desgastes do tempo
Banhos de chuva
Raios solares
Brandos e violentos
Sopros de ventos

Canções que batiam
E se dissipavam
Em seus relevos

Hoje tudo isso é poesia
Mas antes?
Quando não haviam muros
E reinava sem barreiras
A vastidão sem cercas
Da natureza
Seria a pré-história
Da beleza?
A alegria a dor e a morte
Dos que habitavam
Essas redondezas?

O que dizer acerca
Dos não-muros
Do que aconteceu
Antes das paredes?

A quem pertenceu (pertence) o chão
O solo - a matéria prima
Desses tijolos?
Quem os fez?
Que mãos
Que vidas
Pagaram
Por essa
Tez