As palavras, em seus sons, estão aqui em processo, se transformando, como esse texto, incompleto, que um dia terminarei. O papel virtual de minhas realidades, sendo escrito enquanto logo, meus dados, na máquina, na rede de rendas digitais. Nas ladainhas, aboios e encantamentos, sentimentos ou/e em outros infindos indícios analógicos, que sim, ainda existem! E resistem, a qualquer falsa ou equivocada idéia de modernidade ou tecnologia. Tome cuidado com os meus acentos.
Eles podem brincar de mudar seus sentidos.
Estamos subentendidos?

quarta-feira, 25 de março de 2015

Interdimensional

Num suave momento de lucidez
Senti ao redor
A sutileza de uma impossível realidade
Presente nas pessoas em canto e dança
Como num círculo sagrado de magia negra-branca

Foi num devaneio às avessas
Que percebi minha paz exterior
Onde dentro eu já me sentia feliz
Quando no mundo fora de mim
Nem meu, nem seu ou dela
Em um velho novo mundo nosso 
Nos encontraríamos, e assim,
Construiríamos novos círculos
E pontes de luz que nos ligassem
Pelo espaço-tempo e relativas gravidades
Agora sendo interseções
Como as tantas sensações de um filme de arte
Em minhas várias formas de querer
Em suas várias formas de sentir
Todos éramos um
Um mesmo amor
Interdimensional

quarta-feira, 18 de março de 2015

Blues Butterflies

Em meu quarto compasso sonhado
Ainda era noite 
Mas ela veio numa valsa em G
E me acordou com seu canto celular
Sua luz me tocou como um beijo de fada
E em fotossíntese
Eu que era uma fóssil borboleta azul
Acordei suspirando
Canções floridas do juazeiro

domingo, 15 de março de 2015

Bandeiras

Nem azul nem verde amarelo
Sem bandeira inventada
Simbolizando o desnecessário
Demarcando os que se dizem donos
Dessa terra usurpada
Apesar do amor pregado, na cruz
Na foice e no martelo dos funcionários
Dos soldados, seguindo as ordens do estado
Da paixão, pelo poder, pela necessidade
E até penso em Cristo e Maria Madalena
Nos crentes em suas mil verdades egoístas interpretadas.
Mas não. Nem vermelho também... 
Por que a luz tem todas as cores
Os tons e semitons que preciso
E é o que me serve enquanto artista
Mas me olho no espelho, a tela desligada
Que serve de apoio para o xaxim
E sua flor, responsáveis pelo prisma na sala
E vejo todas as cores dentro de mim
Sentado no sofá, estou na ala das baianas
Das cearenses, de todas as sertanejas
(Na avenida, no carnaval, nas cozinhas, nos canaviais
Nos salões de beleza, nas senzalas, clamando por liberdades sexuais)
Sim, falo feminino, das mulheres, além dos gêneros
Dos homens não se carece comentar
Como homem eu calo por vergonha talvez
Desse peso no corpo
Da superioridade do escroto
Que traz um pênis entre a as pernas
Mas voltando ao devaneio
Na realidade, eu sonho
Acredito que nessa confusão
Nessa convulsão dos sentidos 
O amor, a humildade e a tolerância 
É paralelamente um caminho
A ser trilhado por todos
De mãos dadas
Tocando, cantando e dançando
Em nossos círculos espirituais
Em nossos ciclos históricos
Em nossos circos familiares
Levante a mão quem for o palhaço triste
Agora sorria, que assim o espetáculo segue
E a alegria transforma o caminho
Em uma estrada nublada de esperança
Sejamos todos as crianças
Elas serão o reflexo
Do que vêem em nós