As palavras, em seus sons, estão aqui em processo, se transformando, como esse texto, incompleto, que um dia terminarei. O papel virtual de minhas realidades, sendo escrito enquanto logo, meus dados, na máquina, na rede de rendas digitais. Nas ladainhas, aboios e encantamentos, sentimentos ou/e em outros infindos indícios analógicos, que sim, ainda existem! E resistem, a qualquer falsa ou equivocada idéia de modernidade ou tecnologia. Tome cuidado com os meus acentos.
Eles podem brincar de mudar seus sentidos.
Estamos subentendidos?

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Vidas

As vezes sinto como se o corpo fosse sucumbir
E em um nauseado bailado
Viro os olhos e encontro tuas mãos no céu
E o tonteio transformou-me em valsa
Beijaste minhas mãos
Eu senti tua energia branda
E então ja éramos dança
E tua canção se fez em mim
A fraqueza transmutou-se força
A tristeza transbordou-me em lágrimas
A alegria se fez
A cura se fez simples assim
Como o sorriso
No milagre da felicidade
Nessa vida-baile baile baile de máscaras
Sem máscaras
O carnaval
A reencarnação
A morte e a ressurreição 
Da carne, fraca, da matéria em recomposição 
Tudo é uma desfarsa encenada?
Entra em cena a realidade
O câncer vem e confunde o corpo
A obsessão vai e confunde a alma
A oração, a fé, as músicas que traço
Tudo isso me faz achar graça
E eu não pago pra ver
Por uma eternidade
Não me cobrem o amor
Pois o amor é de graça
O perfume da flor
A luz do sol
As cores dos céus
A tempestade que me lavra
É de graça
A canção do vento
A bailado das águas
A poesia...
A mulher,
As mulheres que rogam por nós
A virgem Maria
É cheia de graça

Elipses

Nosso tempo já passou
Nosso tempo é agora
Está passando
Enquanto você pensa demais
Eu estou sentindo muito
E canto no tempo que quiser
Tráfego entro o futuro e o passado
A música é meu presente
O tempo é o que o sentimos
O espaço é o que pensamos (que sabemos)
O amor
O amor é um substantivo feminino
Uma singularidade
A paixão que vivemos
Que atrai os corpos
É gravidez é gravidade
O que nos faz eternos
São nossas almas girando
Nessas elipses
Há espiritualidade

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Maria do Mar

Maria ia
Ia ao mar
Ria
No caminho
Eu também ria
Seguindo para o Rio
O rio levando ao mar
O mar nos fazendo sorrir
Enquanto íamos o sorriso nos levava
Nós estávamos nos caminhos das águas
E em toda lugar onde a gente sonhava
Maria estava e seu sorriso brilhava
E de tempos em tempos
Escorriam lágrimas de alegria
Como nos ciclos da natureza

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Reza

oração é uma forma poesia
Não adianta ser apenas decorada
De nada vale ser apenas repetida
So tem função se for pensada
Só tem sentido se for sentida

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Companheira

Amanheceu
Ela acredita
Depois do eterno luar
Em que nos sacralizamos
Com todos os feitiços pronunciados
A menina dançou, cantou
Ela acredita
Sentiu toda a ancestralidade
A individualidade de sua alma
O peso e a leveza do seu corpo e mente
A sabedoria inevitável da feminilidade
Da fertilidade, o sangue e a seiva da vida
Que jorravam de suas profundezas
A menina cantou, dançou
Em sua fé inabalável
Na certeza de seu sexto sentido
Ela me olhou por cima do ventre
Por entre os seios
E me derramou suor e lágrimas
Gozamos a vida, tragamos os sonhos
Conversando sobre o futuro
Ele pegou minha mão
Beijou meu destino
Leu meus lábios e interpretou
A poesia que eu ainda nem havia escrito
Eu cantei sobre seu corpo
O tempo o espaço e a gravidade
Em quais dimensões mais
Poderíamos existir em amor e tão leve poesia em densa material? 
Ela olhou pra mim e disse:
Amanheceu...
Eu acredito
Acredite
Tenha fé.