As palavras, em seus sons, estão aqui em processo, se transformando, como esse texto, incompleto, que um dia terminarei. O papel virtual de minhas realidades, sendo escrito enquanto logo, meus dados, na máquina, na rede de rendas digitais. Nas ladainhas, aboios e encantamentos, sentimentos ou/e em outros infindos indícios analógicos, que sim, ainda existem! E resistem, a qualquer falsa ou equivocada idéia de modernidade ou tecnologia. Tome cuidado com os meus acentos.
Eles podem brincar de mudar seus sentidos.
Estamos subentendidos?

sábado, 26 de abril de 2008

Andarilho do vento

Contarei com você
Quando estiver triste
Acordado sonhando
Num futuro qualquer de um dia encantado
É assim hoje com as coisas corridas
O tempo sempre agoniado, voando
E o coração nas mãos da poesia
O velho sorriso pendendo enferrujado no canto da boca
O olhar pedinte demasiadamente firme.
A farsa da tranqüilidade?!
Sigo os caminhos confusos de um andarilho do vento.

Linhas Tortas

Na composição de nossos mundos
Eu vejo cada gota de lagrima e dor
Mas também, a alegria que herdou
Nossas mais distintas vontades
A guerra, a reza, a festa e o trabalho
Tanto sangue derramado
E uma descrente desilusão
A beira de uma profecia
A espera da luz que nos guia
Nesses dias de escuridão

O grito tapuia
A ordem branca assassinante
A cor dos sonhos tingidos
Numa tarde sem sossego
Nessas terras de Badzé
Encantado tempo sem re-volta
Só pra frente é que veremos
O que no passado escrevemos
Em linhas tortas

Tarde no Quintal

Ando lendo o que escreves
Desata bem os nós da vida
Quando rompe o trivial
Sopro vindo do quintal
Da saudade, da infância
E que ressoa a distancia
Corpo nu sem ter idade
Aquarela ingenuidade,
Sons que invadem o destino
Tua palavra,
É como a voz dos sinos
A cantar de tardezinha
Em meu peito igrejinha
Num domingo de esperança
Ecoando a lembrança
De que não estás sozinha
A crescer sempre criança

Sonhemos nós
Que sempre lemos a voz
Menina

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Teu silêncio ritual

Um grande beijo demorado
No canto direito superior de tua boca
Beirando um desejo que pacientemente
Aguarda uma língua vindoura e oportuna
Em um momento inevitavelmente necessário
Vencendo o espaço tempo
E teu silencio ritual
Enquanto canto e tu só me escutas
Pela minha insistente vontade de te conquistar

Cuida-te!
Se tenho talento e beleza
Eles são teus
Deixe-me lê-la e escrevê-la
Que o respirar em teus arredores será vital e doloroso

Impacientes, os anos me cobram uma iniciativa
E minha idade briga com paixão por esses sonhos tolos
Sonhos que nos movem enquanto envelhecemos
Sendo apenas parcialmente felizes
Não se engane! Se não me engano, eu me apaixonei por ti
E a realidade me impulsiona a algo que terá sua hora
Reze pra que eu seja verdade
Que eu te realizarei todos os nossos desejos!

Retrato

É você quem domina a noite
Refletindo no mundo
Os seus delírios de luz,

Em teus retratos
Saudades?!

Pois teus ligeiros olhos, felina
Captam qualquer sentimento passageiro
Que eternizado em teus sonhos
Vive a expor a distancia
Ao ridículo de tua ausência
Ou da minha...

E tudo será então uma questão de angulo...