As palavras, em seus sons, estão aqui em processo, se transformando, como esse texto, incompleto, que um dia terminarei. O papel virtual de minhas realidades, sendo escrito enquanto logo, meus dados, na máquina, na rede de rendas digitais. Nas ladainhas, aboios e encantamentos, sentimentos ou/e em outros infindos indícios analógicos, que sim, ainda existem! E resistem, a qualquer falsa ou equivocada idéia de modernidade ou tecnologia. Tome cuidado com os meus acentos.
Eles podem brincar de mudar seus sentidos.
Estamos subentendidos?

domingo, 16 de junho de 2013

Estrelas

Quando quero te encontrar
Sigo tua voz divina
Ondas desenhadas em pontos luminosos
No oceano eterno do tempo

E por alguns instantes sem fim
Estou contigo a cantar no firmamento

Os apaixonados suspiram o olhar pro céu
Alguns vêem estrelas cadentes
Outros, constelações
Ou o luar sorridente
Outros mundos a partilhar nossa intimidade
Em uma só felicidade e sentimento
Em mais um intimo ínfimo último beijo
O recomeço do universo

domingo, 9 de junho de 2013

Religião

Trago a bandeira verde
De penitência e missão
Caminhos dentro e fora de mim
Veias, veredas, coração

Às manhãs numa flecha de luz
Minha alma se transporta
Comunga a paz da minha terra
Fortalecida, irradiada retorna

Sigo a estrada dançando
Pregando poesia
Cantando
Essa é minha oração

Meus deuses!
Me tenham carinho e amizade
Não careço dó nem piedade
Louvo o Jesus sorridente
Sou crente no amor
Não sou católico
Não sou cristão.

As vezes entremeio
As vezes figurado
Vivo feito reisado
Livre! Bailo no salão
Essas máscaras são reais
Meus teatros rituais também são

Indio
Em transe
Em partes
Consciente
Meio-caboclo
Meio-negro
Meio-cigano
Meio-romeiro
Assim sou inteiro
E esse três pés de juazeiro
São três pontos no universo
Me dando direção

Sigo a estrada dançando
Pregando poesia
Cantando
Essa é minha religião

sábado, 8 de junho de 2013

Descansaço

Espero que estejas a dormir
Descansando a paixão que te aflora
E que o sonho seja o teu porvir
No momento sagrado da aurora

Quando o mundo amanhecer
Na luz-poesia que nos agora
Que a natureza tua possa dizer
Na voz do grande espirito 

Vem o tempo, vão as horas,
Mas o amor
Quando tem de acontecer
Sempre encontra suas formas

sábado, 1 de junho de 2013

Composição


As vezes busco palavras
Na ânsia de preencher o mundo
Porque estou vazio-cheio de tudo
Colorir vida nos olhos, como sonha o pintor
E me deparo com o absurdo
De tentar compor uma nova canção
Mas te confundo, não sei se danço
Enquanto toco a música que preenche a cena
Quadro a quadro...
Mas, não me enquadro
É maravilhoso e estranho.
Sou comum.
Como o azul-branco do céu
E complexo,
Como o canto escravo da oração do poeta
Em sua fé, pra os deuses, as deusas que ele mesmo inventou...
E as tristezas do mundo que ele toma pra si

Sou a ferrugem que corroe as correntes da língua
Sôo a voz que estronda
No coração, outrora bruto, da fera
Que me dominou
E assim, componho a atmosfera:
Cinjo a luz da minha terra
Fundindo os tons da aurora
Em imagens, em canções, no movimento das frases,
Assumindo o papel do artista
Que nunca acho que sou.
Quando te encontro e roubo as palavras
Que sempre foram tuas
Por desejo