As palavras, em seus sons, estão aqui em processo, se transformando, como esse texto, incompleto, que um dia terminarei. O papel virtual de minhas realidades, sendo escrito enquanto logo, meus dados, na máquina, na rede de rendas digitais. Nas ladainhas, aboios e encantamentos, sentimentos ou/e em outros infindos indícios analógicos, que sim, ainda existem! E resistem, a qualquer falsa ou equivocada idéia de modernidade ou tecnologia. Tome cuidado com os meus acentos.
Eles podem brincar de mudar seus sentidos.
Estamos subentendidos?

domingo, 12 de novembro de 2017

Leve

Levo a inspiração
O ritmo, as batidas do teu coração
Deixo um pouco da minha voz em teu corpo
Por onde passeei quando beijei teu rosto
O som na língua nas mãos
O bailado fino da tua dança
O encantamento de quando te toquei as pernas
Como se fossem meu violão

Deixo um tantinho assim dos meus desejos
Como se fossem desvendados segredos
Dedilhados do pescoço até o tendões
No desenho de tuas costas
O antigo mapa e a rosa dos ventos
Tatuados em tuas costas e braços

Onde descrevi essa canção

Por fim, a parceria, a troca
Deixei muito contigo
Deixaste tanto comigo
E decifrando meus próprios versos eu sigo
Em todo impossível amor que de tão antigo
Nos círculos de vida morte e ressurreição
Sempre foi tão honesto, tão íntimo, tão amigo

Transmutamos como lagartas em borboletas
E as vidas seguem sua evolução
Não tivemos nada e tivemos tudo
Música, dança teatro e poesia
Como um reisado

Que vara a noite e rompe o dia

Tudo se funde se confunde
Ancestralidade
-Ritual-
Paixão

domingo, 22 de outubro de 2017

Livro de Rostos

Da última vez que nos vimos,
Que nos encontramos,
Foi tão bom.
Nos tocamos
Cantamos e dançamos,
Celebramos o amor
Colorindo a realidade
Espalhando poesia
Pela cidade

Desde então
Vamos tentando
Mas ficamos perdidos
Nessa virtualidade vã
Em conversas entrecortadas
Entre o Whatsapp
Nudes no Snapchat
E histórias no Instagram

Mas não desistamos
Faça chuva ou faça sol
Mesmo que a internet
Fique lenta ou caia
Acordados ou sonhando
Nossos desejos irão se encontrar
E muito além desse livro de rostos
Vamos estar

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Corpo

É só um corpo nu...
Poderia até ter, mas,
Não precisa legenda
Conceito ou preconceito
Se é belo, feio, bem ou mal feito,
Se vc reflete, se é “cultura”, arte ou não
Arte esta já seria, pela essência da questão.
Estar despido de ódio
É muito mais simples e cristão
Do que agir com ignorância,
Pecado seria a falta de amor
Vestir-se com as ilusórias roupas
Da razão


sábado, 7 de outubro de 2017

Não

Não
Mesmo que seja uma boa lembrança
Não fique pensando nele
Sintonize outras coisas
Outras bocas
Outros beijos
Em outras formas de amor
Outros desejos
A paixão nos deixa
Assim
Meio desleixado da gente
Eu sei que isso não é bom
E sei que é melhor ainda
Pra recomeçar
Pense agora em
Tudo o que podes fazer
Na liberdade em que estás
A felicidade de cantar uma canção
Sem a obrigação de cantar

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

De sol a Sol

O amor está
Em todo lugar
Onde a gente
Quiser que ele esteja
Inclusive onde
Alguém "não quiser"
Que ele esteja
Como a noite e o dia
Que tudo devora
É só olhar pra dentro
É só olhar pra fora
Ele circula pelo céu
Na poesia da existência
É meu, é seu
É mel, é fel
Amorciência
Feito a estrela que brilha
Mesmo que ninguém a veja
Ela não gira em torno de nós
Nós quem circundamos
No contorno de sua beleza
Lutando contra a gravidade
O frio e a maldade
O tempo e sua verocidade
E a solidão das incertezas

domingo, 3 de setembro de 2017

Meu Vago Vagão

Mesmo quando parado

Sigo andando

Mesmo sozinho 

Estou com você cantando


Meus pés descalços

Falam da estrada

Meus pés calçados

De onde vim


O retrato diz onde estou

O olhar diz pr'onde vou

E esse verso acanhado

Fala de mim


#geraldojunior #espeditoseleiro #cariri #cangacourbano #cangaço #terreiradacearense


quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Prece Cósmica

O que leva uma pessoa a xingar alguém na rua por se vestir um pouco fora de um padrão, usando uma saia? Uma saia discreta, longa, e eu nem estou maquiado, de batom, rímel, minha barba até está grande, cabelo de coque... Digo isso porque até entendo, as pessoas estranhando quando estou um tanto mais arrumado.
Pra poder ter a liberdade de me vestir como quero sem absorver esse ódio, foi muito chão. Medito, preparo a mente e saio por aí tranquilo, na sintonia da paz e do amor. Só na adolescência eu andava fazendo as coisas escondido, por medo ou preocupação desnecessária, ou pra evitar desgastes com a família.
É triste constatar esse novo obscurantismo o qual vivemos. A mulher era até jovem, aparentava ter tido algum estudo e oportunidades. Não quero nem devo julgar, pois também seria preconceito, mas apenas imagino que ela não deve ter tido referências que lhe mostrassem que não há nada de errado nisso, e, que temos que respeitar qualquer um ou uma. Impressionantemente, enquanto escrevia essa postagem, um bêbado reclamava na parada de ônibus: E daí se eu sou nordestino?! Querem me expulsar, mas, eu moro aqui! Essa cidade é minha também. E daí se eu sou pernambucano, paraibano, baiano, cearense?!
"Tudo isso acontecendo eu ali na praça alimentando os pombos na minha cabeça". Durante o tempo em que pensava e ia escrevendo, no meu ouvido, o modo aleatório tocou Tom Zé - Todos os Olhos, The Doors - Moonlight Drive, Luiz Gonzaga e Gonzaguinha - Pense Neu, e (acreditem se quiserem) Secos e Molhados - "Prece Cósmica", poema de Cassiano Ricardo musicado por João Ricardo para o primeiro álbum de 1973 do Secos e Molhados.
Que os quatro
Como num teatro
Conservem a mão
Sem nenhum
Gesto
Que o vinho quente
Do coração
Lhes suba à cabeça
Espêssa
Que do bolso de
Cada um dos
Quatro
Como num teatro
Voem pombas
Pombas brancas
E amanheça
Só a Física Orgânica a Química Quântica e a Biologia Espiritual explicam

sábado, 19 de agosto de 2017

Paradigma

A estrada liberta

Nos ensina a conhecer

A conviver e conversar, cantar 

Com as pedras, flores e espinhos

Mas, não deixo de pensar, 

Que depois de tantos caminhos

Hoje eu realmente não sei

Se tenho medo

Ou se gosto de estar

Sozinho


domingo, 13 de agosto de 2017

Voa

Voa!
Que o tempo urge
E já não precisas mais estar aqui
Você já nos iluminou, nos ensinou
Nada mais justo que seguir
Nós que aqui ficamos,
Espero que continuemos
Livres a sonhar
Como tu nos ensinou
Voa segue os bois voadores
De galáxias distantes
Espalha purpurina
Nesse céu gigante
Pedimos licença,
Vamos chorar
Mas não só de tristeza
É tua lembrança a nos emocionar
E se não for inspiração e alegria,
Deixa, em amor e esperança
Essas lágrimas
Hão de se transformar
As cornetas no paraíso
Hoje vão tocar
Felizes por você chegar
Voa
Segue o menino 
A brincar

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Mantra

Queria que tudo

Fosse simples

Mas não é? 

Mesmo com a sensação

Do tempo passado vivido

Desacelerando dentro de mim

Lá fora, na rima livre do universo

Onde crio e recrio meus versos

Não vejo a hora, o ano-luz

O momento de partir

De retornar

A ser

O ser

O não ser

Eis a questão

Renascer

Om

quarta-feira, 5 de julho de 2017

Não Lugar

Sou um cearense 
Assistindo pelo celular
Um documentário de Ruanda
No pátio de Higienópolis
Tomando um café expresso
No intervalo de um filme americano

Talvez aja um futuro nessa história
Onde eu pare e veja a loucura desse(s) dia(s)
Onde tantos me estranham por não serem diferentes
Imaginem o que se passa em minha cabeça
Foi assim que eu me senti imaginando
O que se passa na cabeça deles

Mais que medo, era ódio
Me viam como ignorante
Comendo um doce cubano
Como se eu fosse gente
Que deveria estar tomando refrigerante

Até hoje eu canto e não entendo
Como tudo me veio à mente naquele instante
Enquanto a atendente chinesa ria da negra
Que passeava livremente
Como se seu cabelo e sorriso fossem
A porta escancarada pra um mundo novo
Onde o amor seria o elo perdido e encontrado,
Uma oração de uma crença que libertava
Não escravizando aqueles que buscam esperança 

quinta-feira, 11 de maio de 2017

Avenida Padre Cícero

Porque?
Não sei.

Você sempre diz
Que tenho algo bom pra falar
Que minhas palavras são bonitas
Poesias que te refazem sonhar

Bem, diariamente
Nesse caminho que seguimos
Traficando amor entre essas cidades
Derrubando fronteiras
Talvez por amizade
Necessidade ou carinho
Eu tenha pensado alto demais
Me fazendo parecer "sabido"

Eu apenas olho pra ti
Vejo você na paisagem
Compondo a cena na estrada
E vem a inspiração.
Isso deve mexer
Com minha mente
Com minha alma
Meu coração
Sim

Atento à direção
E na dinâmica desse movimento
Cruzando o vale, eu canto.
Canto pra ti!
Canto pra mim
Pra quem ouvir
Sim!
Pra quem quiser sentir
Isso te faz sorrir
E me alimenta a paixão

E sigo o caminho
Que a vida nos oferece
E aprendi que entre nascer e morrer
Podemos escolher
Cantar ou não
Amar ou não
Sonhar ou não
Sim.

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Alto de Santa II

Do alto

Vejo o horizonte de eventos

E esse futuro parece possível

Sim, parece ser real

Sonhar não. Viver não faz mal!

Esse utópico mundo existe

E acreditem não há nada igual

O feminino se liberta

E se antes já não havia

Agora mesmo é que não há

Nada de anormal




Alto de Santa

Veja, ouça
Sinta
Essa paz.
A paisagem que buscamos pra o infinito
Em que descansam os olhos
O silêncio que encanta os ouvidos
A canção que ensina os sentidos
A cura pra todas as nossas dores
Nos relembrando amores
Que não se foram
Que não se vão
(Amores verdadeiros vem e ficam)
Pela evolução,
Em amizade 
Nos transformam
Nos ensinam
A entender
A conviver
Com o não. 

domingo, 19 de março de 2017

Amanhecer

Pessoas não são pra sempre
Paixões não são pra nunca
A eternidade é poder demais
Pra não se aprender

Quantas vezes preciso morrer
Renascer
Pra conseguir perdoar?
Se libertar

Saber. Escolher certo ou errado,
Sim. Não. Podes até julgar,
Mas te preparas,
Julgando ou não, serás julgado

Pessoas não são pra nunca
Paixões podem não ser pra sempre
Mas o fim é pra se aprender
Recomeçar