As palavras, em seus sons, estão aqui em processo, se transformando, como esse texto, incompleto, que um dia terminarei. O papel virtual de minhas realidades, sendo escrito enquanto logo, meus dados, na máquina, na rede de rendas digitais. Nas ladainhas, aboios e encantamentos, sentimentos ou/e em outros infindos indícios analógicos, que sim, ainda existem! E resistem, a qualquer falsa ou equivocada idéia de modernidade ou tecnologia. Tome cuidado com os meus acentos.
Eles podem brincar de mudar seus sentidos.
Estamos subentendidos?

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Ler-te

A alma feminina da sabedoria
O conhecimento elemental
Palavras acolhidas
Em seu estado natural

Tua leitura me fez homem
Me refez menino
Me desfez conceito
Me infez instinto.

Sigo lapidando sentimentos
Todos me ouvem
Me lêem
Me vêem
Me dissecam
Me devoram, me odeiam, me adoram!
E de pedaço em pedaço me desintegro...
Íntegro.

Torno a ser bruto e inocente como a flor
A Terra me consome, não sinto dor
Já estou entre os novos, entre os antigos.
Já estive entre os mortos, entre os amigos
Entre os artigos, da academia.
Na prateleiras dos Andes, em livrarias,
Livros?
Prantos do dia?!

A todos que me lêem
E também, aos que não
Por amor, paixão ou amizade
Espero deixar saudade
Mais que um livro frio, ou réquiemtado
Pra designorar a ignorância
A solidão.

sábado, 5 de dezembro de 2009

A vida é o que acontece enquanto planejamos o futuro

Quando falo em você
Estou falando em mim

Presença e ausência
Partida e chegada
Saudade e reencontro
Idas e vindas
Sons e silêncios
Notas, as pausas
O cheiro do incenso
O que sinto
O que penso
Tudo o que trago e esqueço
A certeza das manhãs e noites.
Ou nas tarde da abalável fé infinita
Na madrugada, onde dormem e acordam lembranças
De te ter, te dado ou não
A clareza do meus olhos marcando estações
Como relógios d'água
Em lágrimas, sentimentos tantos!
Teu sopro passou por mim, outro dia
Tive essa impressão, outro mês
Que ao redor da terra,
Ao redor do sol, outro ano
Se foram muitas luas, em outra eternidade

A canção tímida
Rígida,
Da tardança do movimento de sua equinocial.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Teu elemento fogo

Queria poder lhe dar o que lhe desejo!

Se soubesses que tens o poder de realizar sonhos
Se permitiria faze-lo?
Pronunciaria num canto, as palavras mágicas
Que deciframos juntos?
O mundo que compusemos entre-chitas e acordes dedilhados como rendas
A tenda, os carinhos, o calor de novembro
A poesia dos beduínos no deserto
Atravessou eras e chegou até nós de certo
Assim, árabe me encanto, e sou devoto de tua beleza
Tenhamos uma ou várias certezas, somos ciganos
Teus olhos de preciosas cores refletindo o mundo
Tua arte, teu olhar profundo, e grandeza
Tua voz, veludo verde, forte e suave como a relva
Como a luz da floresta e seus mistérios, tua alma
O abraço nobre que fortaleza e acalma
O sorriso que desperta e ressuscita a vontade de viver e brincar!
Esse é o teu poder, tende piedade
Teu corpo é paixão, tua essência é amor!
Tua melodia (eu suspiro) me invade.

Quem se torna escravo de tuas vontades
Vive a liberdade de teu infindo coração.
Teu elemento é o fogo, que me invade
Admiro-te por sua realeza e humildade
Sou capricorniano, tu és de escorpião.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Tua luz

Pensei te escrever algo
Queria que isso te fizesse sentir o que sinto
Mas como?!
Meus sons estão distantes...
Não tenho esse poder....
Pelo menos, não, até que me conceda.
Um sorriso a mais
Um beijo nem seria demais
Teu universo com um simples aperto de mão
Teus sonhos, me dando luz ao coração
O corpo presente rodopiando
Dançando de acordo com a música
Que vou inventando
Assim vou te recompondo
Imagens presentes em meu dia dia
Noite a noite.

Eternidades e solidões
Me fazem pensar e viver paixões.

O céu daqui é o mesmo céu teu!
Abstraia por um segundo
O brilho artificial da cidade
Na constelação de Órion habitam meus deuses
Tu estás la, em minhas horações
O feminino inumano cósmico
Desenhado entre as estrelas
sim, é você.

São meus delírios projetados, no tempo,
Em que a razão não me faz tanta falta

Prefiro admitir e dizer que o trago,
A falta do teu cheiro
E que teus olhos e sorriso
Estão tatuados em minhas retinas
E tudo que o alguém tentar ler em minha alma
Só poderá ser traduzido
Através do seu carinho
Que tento reconquistar
Enquanto distante canto.

...

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Meu peito-oratório

Ê saudade esquecida
Que quer criar vida nessa escuridão
Não faz de meu peito oratório
E de purgatório o meu coração

Meu desejo se foi com o tempo
Contra-tempo de todo querer
Mas você entoou seus lamentos
Com benditos pra disparecer

Teu desejo foi pecado e seguia
Pelas ruas penando a sofrer
E de velas acesas pedia
Pra o meu canto lhe interceder

Mas meu canto penou um bocado
De joelhos rastejando ao chão
E a penitencia rasgou meu peito
Com o querer sem jeito
Que nos deu tanta canção

E agora compondo eu me lembro
Que nas noites de oração
Minhas promessas seguiam teus olhos
Nas candeias, sem fim procissão
Entoando tristeza e alegria
Nas ladeiras de teu coração

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

SUSpiros

A primeira vez que lhe vi
Você estava perfeita,
Introspecta.
Tão calma...

E eu me lembro que de repente
Uma flor brotou dos meus dentes
Quando você me lançou um sorriso!

Então, nada mais foi preciso!
No teu mote fiz um improviso
E meu desejo musicou tu'alma.

Ali, como num transe
O que buscava, encontrei
Traguei tua beleza, me embriaguei
E em canções, me transformando
Teus suspiros, como sinos, me deram a luz
(Eclodiu em meu peito, um acorde SUS)
Eram os Som-nhos que hoje vou desencantado.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Transluzindo futuros

Me deixaste feliz.
Tantos gozos de querer tu me daria.
De outra forma, não me despediria.
Deixei pra ti meu cantar numa incelença!

E parti,
Antes que fosse um novo dia
E eu já não tivesse alegria
A graça da tua doce presença
O tom da tua voz de magia.
Nas horas de prazer, mais intença.

E na saudade
A dança das lembranças,
O bailado d'teu corpo transluzindo futuros.

O som do teu nome

Além das inevitáveis, tantas outras, várias impressões
Ficou em minha mente.
O som do teu nome
Em poesia
Percorrendo uma lógica incomum
Nas veredas de meus pensamentos
Formaram-se desenhos complexos
De uma simplicidade absurda e bela
A palavra em sua essência
Os olhos...
As cores, os significados dos astros, em relação
Infinitos cálculos inmatemáticos
A canção, a voz, o cheiro
Os ritos, signos e símbolos!
Te senti...
Lutadora. Guerreira. Mulher.
Pense tudo o que quiser,
Agora, isso é o que tenho
E um ouvir perdido, confundindo, olhares.
Sou eu, um em milhares, tantas vindas aqui...
És tu, a melodia, em tantas possibilidades
A harmonia que escolhi.

sábado, 29 de agosto de 2009

Timidez

Foi humilde, mas, de coração.
Mesmo ainda não sendo tudo...

Feche os olhos!

...

Existem muitas palavras não ditas
Versos inacabados, impronunciados, acreditas?!
Perdidos nos olhos, sentidos apenas.
Como um prenúncio entoado em destino
Brincando de ser um eterno menino
Que não sabe agir quando acenas,
Mas depois saltita afobado
Gritando paixão, entre a flor do desejo
E o perfume sagrado que acompanha teu beijo
Mesmo antes dele ter sido dado.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Às margens do corpo que toco!

Bem...
E se eu tivesse um pequeno sonho pra ti?
Um inesperado perfume pra esse momento delicado, por ti?

Pela boca te sopraria uma suave brisa das manhãs
Levando o cristal de orvalho de teus olhos
E deixando uma lembrança a florir de teu sorriso

Sou cheio dessas invenções
Inúteis pra esse mundo hoje
E se sou também as vezes bobo demais
E te faço perder a postura, e gargalhar
É Pra que no futuro
Saibas decidir
O que nos fará sonhar

Te dei canções...
Ai...
Tanto amor ensinou-me a usar as mãos e língua
Como quem escreve com fogo
Desejos no corpo que toca.

Mas decifrar-te sempre foi uma cruel e árdua
Feliz e mágica poesia
Que me consumia, a alma em arpejos menores
Nos teus beijos modais
De nosso povo Cariri
Murmurando rezas ancestrais
Que nos fazem chorar e sorrir
Desencantar e soir

À necessidade dos sentidos!

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Uma flor por um sorriso!

Às vezes penso que teu sorriso
Seja uma farsa da felicidade
Da tranqüilidade
Em que te dói a minha fugacidade
E minha presente presença distante
Ao contrario do que se pensa
Do que se pena
Do que se sente
E até do que "se" não.

Perdoe-me por ser assim...
Mas, antes que eu continue
Essa é a questão?!

Os sentimentos
Que te fazem sentir especial
Apaixonante perigo sem rédeas
Desenfreado sonho cantando ao nascer

Um amigo pras todas as horas
Pra todos os momentos
Um amor pra todos os tempos
E seus tormentos
Uma paixão corrente
Coerente
Recorrente
Que se sente

E se deixa levar

Pra qualquer que seja o lugar

Continue dançando
Eu continuarei a cantar

segunda-feira, 22 de junho de 2009

O espetáculo



Renato Alarcão


Saímos das nossas vidas da mesma forma que entramos
Sorridentes, desprendidos, fizemos festa e cantamos
Alegria não sobrava, tomávamos tudo
Se o sofrer se achegava, ficava mudo!

Tudo que ouvíamos, sentíamos
E curtíamos, ignorando a dor
Nosso espetáculo foi indo. Lindo
Até que se acabou

Nosso mundo era perfeito
Me recordo do beijo que me marcou
Teus lábios me rasgando a pele e adentrando
No templo sacrário onde rezei tua canção
E com unhas e dentes, quentes
Você, ferrando-me o coração

Ensaiamos na sua vinda da mesma forma que sonhamos
Com os improvisos, e as marcas que deixamos (combinamos)
E que nos guiaram, quando na escuridão
Nos concentrávamos nos personagem e nas falas em questão

Estreamos nossa vida da mesma forma que pensamos (ensaiamos)
O trapézio, o equilíbrio, o circo em chamas que armamos

A dança, o fogo
O truque, o jogo
O público desesperado

Todos apenas aguardavam
O fim do nosso amor
A tanto anunciado

A banda rufava!
A luz sombreava!!
A platéia enlouquecia e sonhava!!!

A bailarina abriu os braços e voou
Se encantou...

E agora! E nós?!

Não precisamos mais de suas palmas
Tanta alegria nessa tragédia não me acalma
Podem ir embora
Eu sou um palhaço
Ela mesmo falou.
Minha vida não tem mais graça
Já não me interessa
O que seja verdade ou farsa

O espetáculo acabou.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Temporaes

Nas verdades contidas em cada som que imagino
E sinto
E trago para esse plano
Tenho certezas de que tu estas sempre a me falar

Tanto que me atento, e não temo.
Mas é difícil admitir teu cheiro presente
A lembrança guardada
Tua voz a revirar meu mundo
Me deixando de pernas para o ar
Pisando no céu
Que estremece

Teu sexo faz de mim um deus.

Daqui, observo nossa humanidade.
Meu juízo sem gravidade
Você e as folhas dançando nos ventos
As nuvens e seus inventos.

Fazemos amor ao relento
Tua força elemental me invade

A luz!
O raio!!
O estrondo!!!
Nossos desejos anunciando a tempestade.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Quando Kahlo

Raiando dias dentro de mim
No epitáfio frio dos meus olhos
Serro o ultimo gole
Da vida, a indecisão derradeira

A poeira da terra erguida em meu leito
Não feriu minhas retinas
Não construiu um castelo em meus sonhos
Apenas adentrou em meu peito
Pulmões e coração

Nada de saudade transpirante
Escorrendo de minha pele translúzida
Nada de sorrisos rasgados no rosto
Por causa de arrependimentos

Apenas amei
Com o que tinha
Com o que podia
E com o que não

Hoje falo, grito, esbravejo
Mas nunca
Nunca deixarei que nas horas indevidas
O silencio me tome a cena
Quando Kahlo

Tento cantar como quem pinta os sonhos
De dentro
Do interior, dos sertões
As Américas
Os sentimentos
As revoluções...

Frida leve e tempestade
Me levando as profundezas do desespero.
Só admitindo esse desejo, eu me acalmo.

Nas dores da minha almejada felicidade
Nas flores, velas e rezas que trazemos consigo
Nas cores mais fortes que eu puder mostrar em sons

Mesmo que doa!

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Disciplina

Hoje,
Eu não tenho novidades
Não tenho vontades
Nem saudades
Sentimentos por, para, púr-pura você
Sacramentos
Sortilégios
Sortimentos
Sacrilégios
Nosso romance da comunhão primeira
Ingénua paixão
Lembrança-prece derradeira

Não tenho motivos pra deixa-la
Nem pra tê-la
Pra vê-la
Sê-la
Acesa vela, que me atrai aos seus enigmas
Mesmo temendo.
...perder o controle
...a loucura eminente
Os delírios da morte
Mentida, metida, desmedida em minha mente
O repouso da san(t)idade em teu seio sacrário
Tu me chamas
Eu te sinto muito, mas não quero,
Tê-la, vê-la, sê-la, acesa, a vela, a chama
Sim, tu me chamas!

Voz na noite, sem dona
Correndo solta, enlouquecendo
Assombração
Fragmento de canção sem prédica
A percorrer o mundo nas tuas pernas
Tuas costas, todo o teu corpo

É a saudade uma penitencia
Meu desejo, apenas um olhar sério
Marcado pela disciplina

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Luz e Sombra

Numa visão oblíqua sob a luz que reflete tua imagem
Sondando as mil e uma possibilidades de teu sexo
Deparei-me assim com o inesperado
Uma saudade não comparável ao que vivemos.

Aproximou-se de nós um certo futuro
Mas os sutis desenhos do universo
Não nos permitiriam no momento
Aqueles vôos sem sentimentos
Assim, aguardei em pensamentos
Que tudo fosse perfeito
Que tudo fosse imperfeito

Como no mundo real

Dores e amores, luzes e cores
Tão claras e necessárias
Quanto o escuridão
Em que caminhávamos e parávamos
Dormíamos e sonhávamos
Sem temer tantos inevitáveis pesadelos

Na ausência tua
Aprendi a enxergar de outras formas
Com outros sentidos
Mesmo contidos
Idos, os anos
Re-voltando-se
Contra nós
A nosso favor
Tudo pela felicidade

Luz e sombra
Foram necessidade

quinta-feira, 19 de março de 2009

Esse sou eu!

Você não percebeu?
São as mesmas palavras, sempre
Soando como carrilhões insistentes
Todos os dias em mil vidas passadas
Hoje presentes em mim, sentes?!

Quem é você com essa voz de destino?

Esse sou eu!

Ensurdecedor como o teu silencio!
A lembrança que rege os anos coloridos
Das sagradas horas em que lhe escrevia.

Já era tarde...

O mundo dormia
O Cariri sonhava
Era noite, eu cantava
Você lacrimejava e sorria.

Sim!!!
Esse sou eu!
O mesmo que te trouxe o perigo e a salvação
Um romeiro antes sem direção
Sem benção, sem padrinho
Entoando benditos
Cabelo e barba esquisitos
Como a branca e azul melodia em questão

Esse sou eu!
Eu sou o mesmo, sempre fui!
Não escrevi palavras sem sentidos!
As abreviações nos desejos é que mudaram.

E mesmo que pra você, a cada dia eu tivesse sido um, não importa
Só vou vivendo a certeza de minhas linhas tortas
Sem medo.

Por que em cada um de nós, sempre houve muita mudança!
Os sonhos anunciavam os dilúvios, mas, inevitavelmente
A calmaria sempre vinha depois das tempestades!

Ainda espero os dias contados nos dedos apontando o céu.
As constelações reaparecendo nas órbitas de meus olhos
Mostrando os caminhos da felicidade prometida.

- Você me teme, porque sabe que trago-lhe uma certa segurança.

Entre a alma e o corpo
Tudo são desejos
Pausadas, minhas palavras, e suas virgulas, na sua língua, são beijos,
Um ponto final de uma fase
Anunciando o inicio de um novo contexto.

Não recordo-me de ter sido outros com você!
Mas lembro-me de ter deixado contigo um olhar que talvez não te sirva mais
Como as profecias que não se realizaram, ou nossos irmãos que não desencantaram
Como as pedras que não evoluíram em areia ou cantaram
Como o sertão que nunca virou mar, ou o mar que nunca virou sertão.
Como a branca e azul melodia em questão, e tudo mais o que ainda não deciframos.

sexta-feira, 6 de março de 2009

O que tu me deu, o que me tirou?!


Por pouco tua raiva me tomava
O sorriso que construí a ferro e fogo
Como o trabalho que teu querer me deu
Com o sofrimento e amor de outrora
Na benção e luz efêmera da aurora
Na singeleza do ponteiro das horas

Por pouco tu me tomas a alegria
Que encontrei lá dentro de mim
Em um lugar que você não dominou
Nem destruiu, com sua ignorante crueldade
Não me deixaste nu, sem a alma que Deus me deu
Porque sou índio, e não consigo ser ateu

Não trouxe ou traguei mágoas
Mas agora, agorinha mesmo
Com as bênçãos de Badzé, em Cristo, Jesus
Defini onde começa o meu futuro.
E eu voltei a olhar o céu
E rabiscar meus pensamentos no escuro
Como quem faz uma oração

Nos astros medindo a vida e o destino
Percebi que te amei como um menino
E o teu desamor me serviu
Pra me fazer agir como homem
Mas sem precisar deixar de brincar
E fazer nas noites os pedidos
Sem que precisem nem ao menos se realizar

Porque no firmamento as estrelas eternamente
Cortam a nossa realidade faiscando desejos
Dando-nos esperança e imaginação.
Pois sempre, somente sempre
Seremos desesperadamente
Inconseqüentemente
Inevitavelmente
Cadentes
Poesias.
Você.
Eu.
...
.

Sentimentos a rasgar a atmosfera
Do meu mundo em constante evolução
Fundindo-se ao meu céu, ao meu chão

Agora teus elementos
Façam mal ou bem
Passam a constituir minha natureza
Este sorriso é teu. Esta lagrima também.
Tenho certeza...

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Segredos


Tinha uma coisa aqui
Guardada
Num lugar que nem era tão secreto
Um lugar que talvez nem fosse tão meu
Mas só você sabia do seu valor pra mim
Não queria te acusar
Mas acho que foi você
Que talvez até sem querer
Entrou no meu peito sem bater
Talvez até quisesse me surpreender
Se arrepender
Me arrebatar com um beijo
Me marcar
Com um desejo em sonho
Que acordado não se realizou

Mas então,
Aqui chegamos por outra questão
Tinha uma coisa aqui
A sete luas no meu coração
E alguém levou, tirou, roubou
Arrancou de mim
Sem pronunciar os versos da alta magia
Que à noites e dias me protegiam
De me desencantar
Por alguém que não merecesse
A alma cantante do meu olhar

E só você
Que sabia e compreendia
Pra que serviam as absurdas palavras
Que eu desvendara em tantos amores
E que guardara com tantas dores
Ao confessar o que eram de certo
Pra mim, pra ti, pra nós
Os mil segredos dos nossos lençóis
As profecias da dança de nossas mãos
Percorrendo em silencio a poesia rasgada
Marcada em nossos corpos
Em chamas veladas
Com palavras proibidas, perdidas,
Como nosso povo Cariri

Ai! Minha mãe, menina, mulher
Senhora das águas
Por mais que essa vida me maltrate
Nunca deixarei de cantar e sorrir
Nossos filhos então irão ressurgir pra re-ensinar
O mundo a sonhar
Sem precisar dormir

Tinha uma coisa aqui.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Folguedos


No movimento dos teus olhos
Procuro um lugar pra sorrir
E dançar e cantar
E brincar e sonhar
Sem fingir

Você escondeu-se
Onde eu mais procuraria
Só pra que eu te encontrasse
E assim escutasse,
O pulsar do teu peito
Tua respiração
O som dos teus neurônios em ebulição

Esse jogo de inércia e ação
Folguedos, versos e trupés
Dando-me um ritmo inesperado
Pra que eu me re-componha recompensado
Com o momento encantado que me deste
E te-ser um futuro conjugando carinhos
Uma canção...
Essa canção!
Que não é mais de solidão.
Ao menos!
Eis da palavra, o poder!
Uma pecinha de improviso
Embaixadas que declamo pra você.

Entoando divinos
Nos vejo crianças, alvoroçados
Zabumba, estalos de chicotes, reisados
Em dia de quilombo
Tu se escora em meu ombro
Temendo os mascarados

Eu me viro de repente
Te roubo um beijo inocente
E me vendo adulto novamente
Recordo nosso amor em um segredo

Nunca deixei de estar aqui
Em qualquer lugar
- Aqui
No mundo
- Aqui.

No movimento dos teus olhos
Onde encontrei um lugar pra sorrir
E dançar e cantar
E brincar e sonhar
Sem fingir

Andante


Não encontrei a fonte de minhas palavras
E descrevia toda e qualquer forma de pensamento meu
Seguindo com os olhos cansados e essa sede de idéias

Incandescente

Andante

Os sentimentos me subiam a cabeça
Vinham não sei de onde
Talvez da terra que pisara
Agarravam em meus pés
Como a densa lama do Rio no verão
Da poeira e das chuvas em que, não sei não!
Vinham não sei de onde
Talvez do ar que eu respirara
Penetravam em meus pulmões
Rasgando os restos de solidões
Que a fumaça da juventude deixara

A barra pulsante da paisagem desenhando as letras
Hipnotizou-me, dominou meus olhos
Que das idéias pras mãos em sentimentos
Reafirmava o triste indicio de estar só

Eu escolhi esse destino
Não me arrependo dos “nós” que desatei
Pra não dar corda a saudade
Meu silencio é um ritual sagrado
Como o teu divino olhar estático

És a santa do altar dos meus delírios
Minha fé cega que enxerga a áurea dos encantados

Ser de luz das minhas noites
Estrela maga dos meus céus
Mesmo nas dimensões mais distantes dessa vida aqui

Eu tenho você em meus entre-sonhos
Dançando nas chamas das fogueiras onde acantono
Aquecendo-me, ao preparar meu alimento sagrado

Rezo pra que as manhãs vindouras não sejam apenas ilusões
Descanso meu corpo esperando que minh’ alma também o faça
Porque daqui pra frente tudo é futuro.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Auto-Retrato


Pra desenhar em mim qualquer forma de desejo
Bastam-me esses olhos, traçando uma forma de dizer que o beijo
Vai pintar o futuro numa profecia rabiscada com a dança das tuas mãos
Os versos em questão, os tons dos sons e das cores
Os amores, as solidões, tudo vira flores reverberando sensações
Tentando apenas dizer, que o que se pode fazer, vai além do corpo
Escorre pelos poros, se esparramando pelo violão e pelas telas

Escrevemos, entoamos, desenhamos e sonhamos!
Que simplesmente o mundo possa ver um pouquinho de nós
Como nunca nos imaginamos
Bastam-me esses olhos, que me fitam e dizem tudo
Não preciso mais imaginar algo que não pudesse ser
Uma obra prima, irmã, mãe, avó, todas em uma só você
A mulher que me seduz
Por sua grandeza e complexa simplicidade

Mostre-me o que vem dentro de ti
Através da poesia dos teus dedos
Eu te cantarei meus segredos
Mesmo sem poder esperar
Que me fale dos seus medos
Viverei a tentar ler e traduzir
Através do que reluzir
Inevitavelmente dos teus auto-retratos

Tudo o que posso fazer é te sentir
O resto é incolor
Um ensurdecedor silêncio
Quando calo
















* Fotos e arte de Rebecca Gaillac

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Com-plexos de imortalidade


Em meu destino de astrólogo
Em meus sonhos de estrelas
Sobrevoando os além-céus
Transpassando fronteiras dos sentimentos mais longínquos!

As cantigas guardadas pra essas horas
Dadas as saudades,
Os suspiros falando em mil palavras
Mais que tantos olhares pra o firmamento dentro de nós

Enquanto eu não avistar a lua em teu horizonte
Não poderei seguir em frente
Aguardo que essa noite esteja limpa e que eu possa usar tudo o que aprendi e sinto, pra nos guiar pra uma nova vida, um novo mundo.
E que a magia tenha seu espaço nessa existência, os astros, os elementos, os espíritos, a ciência
A essência que perdemos no limbo da ignorância, arredia ao bem, as coisas boas dessa, e de todas as vindas em que nos encontramos e nos perdemos e nos desencontramos e nos desentendemos, e entendemos e adiamos a eternidade.

Com-plexos de imortalidade?!

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Entendendo-se

Enquanto eu não souber te ouvir
Não mais te falarei
Não mais te deixarei sem graças
Não mais te roubarei as palavras
Antes de serem pronunciadas

Não existe sentido assim
Ambos mundos mudos!
Devolva o meu silencio de trovão
Em seu doce áspero e cortante som de rabeca.
Eu devolverei tua ladainha
Tua voz entre abismos de orgulho, cega

Devolverei todas as flores numa chuva de fim de tarde
As poesias recitadas, nunca escritas
Devolverei tua ingenuidade
Devolva a minha, a vontade
De seguir sem rumo!

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Transmutando-se



Porque tantos pensamentos arredios?
Estou confuso
O cheiro mutilado da saudade agredida por um temporal de lagrimas.
Agregadas pelo Meio.
Feridas pelo homem.
O quê colher dessa tristeza?!

Inunda-me os sentidos a tua ausência

Vim aqui, te trouxe lembranças
Caminhei léguas de esperança
Sem nem ao menos uma promessa
Um gole frio de um beijo não dado
Por meus delírios de sede, guardados
Amores.
De paixões que fossem (das dores)
- uma rima desnecessária...
Uma explicação pra esse fenômeno sobrenatural de meu peito
Porque o solstício dos olhos se aproxima
Minha mente entrará em conjunção com minh’alma
E a profecia de dentro de nós se realizará
Transmutando essa realidade

O fogo que me queima é interior, por fora, apenas reflito a beleza da flor que observo
Nos dias distantes à minha natureza...

Alquimia e destino
Fundindo-se em meu peito.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Contradição

Ela disse adeus
Mas a voz é de quem vai voltar
Ela nos perdeu
Mas pra poder se encontrar

E o que vou cantar
É pra lhe dizer
O que não consigo falar

Eu lhe disse adeus
Mas num tom de quem vai cantar
E o que se perdeu?
Ai! meu Deus
Me dói lembrar

Queria estar sorrindo
E até tento
Mas os meus olhos
Insistem na verdade
E a boca sem vaidade
Nem tenta disfarçar

Quem dera estar chorando
Talvez fosse melhor, quem sabe?!
Mas minha face se perde sem semblante
A luta entre palavras sem alma
E um olhar que não se acalma
Distante.

Desencontrado jasigo

Descanso, não muito em paz
Em meu eterno repouso inquieto
No socorro
Meus restos mortais
Fundem-se a terra
Minha alma
Sem calma
Clama o céu

As chamas das velas
Os pés descalços
As promessas...

Ouço as preces
Elas me acalantam
Sem me deixar dormir

Antes fosse o limbo, o purgatório
Minha desencontrada estadia nesse mundo, aqui

Porque ando confundindo
Vida e morte.
Existo sem saber
Com lembranças
Guardadas em minha essência

Nem mente ou coração
Vivo-morto numa singela saudade
Vagando pelas ruas da cidade
Uma alma servindo-se da razão
Cantando uma renitente ladainha
Aboio de alma vaqueira, sozinha
Pra suportar a solidão

Hoje só acredito no que não vejo.

Na romaria de desafinados
Ouço teu nome ser
Meus desejos não realizados
Esperar, é o que posso fazer.
Enquanto isso canto essa canção.

Porque alguns acham que me escutam, outros não.
Mas isso não sou eu quem decido...

Palavra da salvação.