As palavras, em seus sons, estão aqui em processo, se transformando, como esse texto, incompleto, que um dia terminarei. O papel virtual de minhas realidades, sendo escrito enquanto logo, meus dados, na máquina, na rede de rendas digitais. Nas ladainhas, aboios e encantamentos, sentimentos ou/e em outros infindos indícios analógicos, que sim, ainda existem! E resistem, a qualquer falsa ou equivocada idéia de modernidade ou tecnologia. Tome cuidado com os meus acentos.
Eles podem brincar de mudar seus sentidos.
Estamos subentendidos?

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Andamento II

Sigo na noite
Sim. Devo estar perdido
Como o som do meu assobio no vento
Me encontro onde tudo posso e nada me envaidece
Sigo pelas vias aéreas
Ofegante
Batendo as asas, vôo rasante
Respirando tudo o que está no ar
O que restou do dia
(Porque nunca a manhã se demora
E nem é tarde demais)
Em uma música cíclica que agora se manifesta
E gira em torno de mim, saci, saltado brincando,
De um lado pra o outro
De meus hemisférios.

As luzes formam o cordão de pouso
Por onde vem e vão as idéias (ilusões?)
Ela está aqui cantando
De alguma forma
Ela está aqui dançando
A natureza de minha alma
Caminha madrugada a dentro
Madrugada a fora
Geralmente nessas horas
Eu paro em meu tempo
Em meu andamento
E guardo
Uma história
Pra quando acordar
Durma ou não
Meu corpo
Eu sonho
O mundo corre
Enquanto caminho brando

sábado, 10 de maio de 2014

Moto-contínuo

Há uma contradição em mim...
Não. Não posso dizer "em nós".
Eu sei, não estamos sós. São tantos sóis
O que há além da individualidade?
Em que lugar do tempo
Deixamos de perceber na pratica
A música da chuva a cair do céu e escorrer pelas calhas?
O som paterno do vento a falar pelas janelas e portas,
Como a voz natural da consciência?
O silêncio dentro da gente quando no fim da tarde,
Esta se torna plena e orquestradamente luminosa
Como um guia espiritual?

Em que lugar não descansa o meu juízo sonâmbulo, entre noites e madrugadas tranqüilas, folheando o livro dos dias enquanto sigo, a vida, a pulsar em meu peito, feito uma estrela-parte do organismo quântico de deus, em mim, o todo, o meio?!...
Porque pensar no início ou fim
Se o tudo e o nada estão agora aqui?
Não perdi meu tempo nessa canção
Pra reencontrar apensas
Mais um sentido efêmero e relativamente real para existência
Dei tantos arrodeios,
Porque a vida é assim,
Uma corriqueira poesia infinita
Que carece mais sentimento que explicação.

São ciclos que se completam num moto-contínuo
E isso independe do universo
Estar ou não em expansão
Cada um de nós é um bigbang eterno
Delicado e simples
O ódio que transfigura-se em amor
E realimenta a alma, a mente
O corpo físico
O coração

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Andamento

Achava que havia esquecido
O quanto era boa a sensação,
Sair com os pensamentos descalços
Pelas ruas da tarde em juazeiro
Sorrir com os pés plantados no firmamento
Feito o doce algodão antes da missa dominical
Ver, ouvir a fé das pessoas
Sentir seus silêncios e orações
Sua paz e sabedoria humildes
Resistindo a arrogância dessa falsa ou equivocada modernidade.
Evoluído mesmo é quem é lento feito a eternidade
Quem fala cantando na língua das aves
A revoar na dança contemporânea
Dos ventos com as árvores