As palavras, em seus sons, estão aqui em processo, se transformando, como esse texto, incompleto, que um dia terminarei. O papel virtual de minhas realidades, sendo escrito enquanto logo, meus dados, na máquina, na rede de rendas digitais. Nas ladainhas, aboios e encantamentos, sentimentos ou/e em outros infindos indícios analógicos, que sim, ainda existem! E resistem, a qualquer falsa ou equivocada idéia de modernidade ou tecnologia. Tome cuidado com os meus acentos.
Eles podem brincar de mudar seus sentidos.
Estamos subentendidos?

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Desentendimento

Diz o poeta
Na dor da saudade
Nos confusos carinhos
No aperto das mãos
No beijo que beira a boca
Na respiração inspirada
Que eleva o perfume da flor

Insiste,
Que prefere não chamar de dor
A falta da rima que lhe falta
Nem de canção pelo pesar enarmonizado, dissonante.

O amor fere
Mas,
Cura
E é sempre maior que qualquer tola paixão...
Felizes nós, que preferimos a amizade da dança
A vida nos movendo com poesia.

E assim cala
Que não quis dizer nada
Quando não disse tudo
Porque é simples
Na poesia, como no beijo
Fica tudo subsentido.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Inspiração II

(para Mestre Aldenir, Beto Lemos e Hermeto Pascoal)

I
Por que negar a paixão?
Fingir esse sentimento tão real?
Tão verdadeiro...
Algo me paralisa por alguns eternos, segundo
Deixando meu cantar gritando mudo
E fico a escutar uma sanfonia
Que me enlouquece, e quase me deixa surdo!
Ouço as vozes. Tambor, batuque, terreiro
Nos confins do universo
Em lingua Cariri
Em meu juazeiro

II
Olhando daqui até parece
Que eu pedi a deus sem querer
Numa prece
Que ele te mandasse à mim
Essa canção que me veio
E desceu como santo a me possuir
E mesmo que por pur-pura inspiração atéia
Em semitons o meu peito se desmantela
E o pulsar é mântrico
Em subgraves quânticos
Manifestação divina
Em minha mente
Em sinais eletântricos

III
A deusa do bem
Que me fez cantar em abril
Em dias perdidos no calendário
Se manifesta
Em canções ingênuas de criança
Ou nas ruas, revolto, a explodir mudanças
Em mim no mundo
É meu amor profundo
Pelo o que parece que desconheço
Mas sinto,
Como sendo
Sempre O começo
Da febre que me toma os sentidos
E mesmo quando adormeço o corpo
E meu espírito desinbesta louco
A voar pelo infinito
É quando mais estou aqui
E percebo que está tudo dentro de mim
Por fora somos todos meio ocos
A paixão é assim
Um outro me toca
E eu toco o outro
Um pouco morremos
Mas muito vivemos
Renascendo
Numa polirritmia
A dançar de mãos dadas numa roda
A cantar singelas melodias
A sonhar Herméticas harmonias

Dueto

Vamos cantar algo juntos?!
Eu não ouvi sua voz (cantando), mas,
Vc também não ouviu a minha
Assim, fica um pelo outro
Num silêncio que advinha
Qual música será tocada
Um baião, um samba,
Uma suave marchinha?!
Tanto faz,
A música por si
Já fala por nós,
E vale por nós
Sendo poesia
Duas melodias numa só voz
Se vestindo de harmonia

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Por Dentro

Penso em você
Assim, do nada
Simplesmente
Parece poesia

É algo que não sei dizer...
Pois que me soa o corpo
E me faz cantar
Por dentro

Interlúdio Silêncio

Um leve frio dança noctívago
Anunciando o confortável abraço
Calor nos passos.
A lembrança veio a mim e voou
Como na voz de Iansã
Folhas e pétalas a colorir calçadas
E o som em perfume
Antes lento, agora alvoraçado
Esvoaçado
Dominando a madrugada
Inspirando a mim e a namorada
A bailar aos beijos
     Interlúdio silêncio
A embriagar-nos de poesia
Quem sabe ate o nascer do dia
Seremos novas melodias
Desenhadas em aquarelas de desejos?!
Feito a menina que não dorme,
A nos espiar pela brecha da janela
Sorrindo assim, bobos, somos como ela
O amor predomina nessa madrugada
Eu e tu aqui, cúmplices, em nossa arte entrelaçada
E ela agora, também sonhadora, inspirada!
A suspirar femininos desejos
Pela lua
Apaixonada

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Relatividade

Agora, a pouco, o relógio olhou pra mim
Como se eu fosse um corpo estranho a pulsar
Ele me resmungou por uns segundos

Algo que de qualquer maneira, só entendi no instante em que passou.
Eu respirei, suspirei, e entre seus tic-tacs, entrei no ritmo do vento
Parti seguindo, sentindo essa natureza, porque já era hora.
Antes sempre do que nunca...

Então percebi que a manhã se foi
A tarde
A noite se foi
Na madrugada

Fiquei pensando, inspirado
Na relatividade dos sentimentos

Enquanto o amanhã tornava-se hoje.

domingo, 4 de agosto de 2013

Devaneio III


Caminhava

Com o olhar atraído pelo vento,
E um tempo delicado passou por mim
Feito uma borboleta

Pairando vôo em meus desejos de música
Dançou uma valsa etérea em meu juízo
E seguiu
Transversal

Fiquei assim
Me sentindo
Uma lagarta
Sonhando
— com Geraldo Junior.

sábado, 3 de agosto de 2013

Um

Eu e você
Somos tanto quanto
Eu, e vc
Tanto somos quando
Eu e vc
Somos tanto

Somos tantos quantos um