A estrada é um longo caminho curto
De uma simplicidade complexa demais pra quem não sente
Tão solitária e povoada como as lembranças
Cheias de coisas boas e ruins
Entrecorta sons e silêncios
Vara sertões e metrópoles
Serras e mares
Desertos e matas
A estrada é cheia de tudo. Até de vazios.
Cheia de pedras, de espinhos
Mas também é enfeitada de flores
Pelo caminho
A estrada é um longo caminho curto
Onde trafego meus sentidos
E me deparo com meus instintos
E por mais que pareça não ter fim
Depois de atravessar
Tantos rios, pontes, túneis
Veredas e encruzilhadas
Sei que não conheço tanto
Que não conheço nada
Talvez apenas um pouco mais de mim
Que insiste em seguir dançando
Compondo espaços tempos e gravidades, vidas
Por entre retas e curvas
E infinitos fins de linhas
Onde recomeçam as novas jornadas
Tão sedutora, tão forte e acolhedora
Mais parece uma entidade feminina
Uma deusa que nos acolhe
E que as vezes até parece nos maltratar
Mas nos faz crescer.
Sem saber se há início ou fim
O que existe mesmo é o meio
O processo enfim
O desejo
A necessidade de seguir
De migrar
Ir e vir
A esquerda a direta
Pra cima ou pra baixo
Tudo depende
De onde vens e pra onde vais
Às vezes eu nem me lembro
E sigo cantando
E tudo é saudade e reencontro
Nessa vida
Na estrada
Nenhum comentário:
Postar um comentário