As palavras, em seus sons, estão aqui em processo, se transformando, como esse texto, incompleto, que um dia terminarei. O papel virtual de minhas realidades, sendo escrito enquanto logo, meus dados, na máquina, na rede de rendas digitais. Nas ladainhas, aboios e encantamentos, sentimentos ou/e em outros infindos indícios analógicos, que sim, ainda existem! E resistem, a qualquer falsa ou equivocada idéia de modernidade ou tecnologia. Tome cuidado com os meus acentos.
Eles podem brincar de mudar seus sentidos.
Estamos subentendidos?

sábado, 17 de outubro de 2020

Voz

Ela perdeu a voz
Não sabe se a abandonou
Ou se ela mesma arrancara de si
Fato é que hoje ela não fala
Muito menos canta
No máximo empunha sua reza muda
Olhando pra um altar sem santa

Essa escrita mesmo
Não tem melodia
Não tem som
Apenas a sombra
Numa vaga lembrança
De algo que distante
Até poderia ser bom
O terreno direito da expressão
O divino direito de escolher calar-se 
Com tudo aquilo que não pode ser descrito
Tudo o que falavam os seus silêncios
Tudo o que calavam os seus gritos

Nenhum comentário: