Seguindo o trajeto de minha infância
Na estrada de ferro
Entre o Crato e o Juazeiro
Gonzagueando, eu vou e faço
Um blues pra o meu bem.
Ao descer eu a levo.
Na primeira-ultima estação
Começa a neblinar
O vento sopra carinhosamente
E recebo uma mensagem de amor
Mas não era uma mensagem comum
De um querer qualquer
E mesmo que fosse de qualquer amor
Qualquer forma de louvor
Ja seria uma bela forma de religião,
De inspiração pra seguir cantando.
Dançando com a orquestra estereofônica
Nos meus fones de ouvido
Assim, abestalhadamente
Me pego sorrindo pra o tempo
E vejo na paisagem teu rosto
E se isso não for uma poesia divina,
No mínimo, as divindades estão de prosa comigo, e isso é espiritualidade.
E como num filme francês
Numa composição que transcende Caetano
Eu te respondo a mensagem
E na próxima cena
Já estamos juntes
Celebrando a vida
Falando de ciência e magia
Arte e política
E não há distância
Ou desamor inventado
Apenas um abraço
Tão verdadeiro, tão maior
Que qualquer descrença
Desavença
Ou vazio
Discurso de ódio.
Preenchemos a vida
Com amor
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