Nem azul nem verde amarelo
Sem bandeira inventada
Simbolizando o desnecessário
Demarcando os que se dizem donos
Dessa terra usurpada
Apesar do amor pregado, na cruz
Na foice e no martelo dos funcionários
Dos soldados, seguindo as ordens do estado
Da paixão, pelo poder, pela necessidade
E até penso em Cristo e Maria Madalena
Nos crentes em suas mil verdades egoístas interpretadas.
Mas não. Nem vermelho também...
Por que a luz tem todas as cores
Os tons e semitons que preciso
E é o que me serve enquanto artista
Mas me olho no espelho, a tela desligada
Que serve de apoio para o xaxim
E sua flor, responsáveis pelo prisma na sala
E vejo todas as cores dentro de mim
Sentado no sofá, estou na ala das baianas
Das cearenses, de todas as sertanejas
(Na avenida, no carnaval, nas cozinhas, nos canaviais
Nos salões de beleza, nas senzalas, clamando por liberdades sexuais)
Sim, falo feminino, das mulheres, além dos gêneros
Dos homens não se carece comentar
Como homem eu calo por vergonha talvez
Desse peso no corpo
Da superioridade do escroto
Que traz um pênis entre a as pernas
Mas voltando ao devaneio
Na realidade, eu sonho
Acredito que nessa confusão
Nessa convulsão dos sentidos
O amor, a humildade e a tolerância
É paralelamente um caminho
A ser trilhado por todos
De mãos dadas
Tocando, cantando e dançando
Em nossos círculos espirituais
Em nossos ciclos históricos
Em nossos circos familiares
Levante a mão quem for o palhaço triste
Agora sorria, que assim o espetáculo segue
E a alegria transforma o caminho
Em uma estrada nublada de esperança
Sejamos todos as crianças
Elas serão o reflexo
Do que vêem em nós
Nenhum comentário:
Postar um comentário