As palavras, em seus sons, estão aqui em processo, se transformando, como esse texto, incompleto, que um dia terminarei. O papel virtual de minhas realidades, sendo escrito enquanto logo, meus dados, na máquina, na rede de rendas digitais. Nas ladainhas, aboios e encantamentos, sentimentos ou/e em outros infindos indícios analógicos, que sim, ainda existem! E resistem, a qualquer falsa ou equivocada idéia de modernidade ou tecnologia. Tome cuidado com os meus acentos.
Eles podem brincar de mudar seus sentidos.
Estamos subentendidos?

domingo, 29 de dezembro de 2024

Céu

Voa! 

Que o tempo urge

E já não precisas mais estar aqui

Vcs já nos iluminou, nos ensinou

Nada mais justo que seguir

Nós que aqui ficamos

Espero que continuemos

Sonhando

Como tu nos ensinou

Voa segue os bois voadores

De galáxias distantes

Espalha purpurina

Nesse céu gigante

Peço licença,

Vou chorar

Mas mas não é de tristeza

É tua lembrança

A me emocionar

E se não for inspiração

E alegria, deixa,

Em amor e esperança

Essa lágrima

Há de se transformar

As cornetas no paraíso

Hoje vão tocar

Felizes por você chegar

quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Celebrança

E num vislumbre de outra vinda

Tive a sorte ou oportunidade

De rever teu sorriso

E cantar com o olhar envolto

Nesse descanso profundo que é tua paz


Poder falar as coisas mais belas

Ou mais difíceis

Como a percepção complexa do amor

Ou a sincera descrença dos signos

As proezas mais impossíveis da paixão madura

Equilibrada com o entardecer dos anos


A maturidade

A racionalidade de perceber o corpo E saber respirar enquanto o mundo explode

Saber a hora de parar um pouco e descasar

Sentir, sonhar e poder falar sem medo:

- Que bom estar aqui

Vivenciar nossa amizade

Compor canções

Dançar tranquilamente

Tecer paisagens

E futuras lembranças

terça-feira, 17 de dezembro de 2024

Passeio

No caminho

A ventania passa

E a gente cambaleia.

Na falta de chão, voe!


Equilibre o pensamento

Na intenção do amor

Por si, antes de tudo.


Coloque o coração no lugar

A mente a sonhar

E a alma a cantar dançando


Só então, no respiro da vida

Transforme os fardos em canção

Os escorregos em impulsão


E o descanso

Dos acordes da tarde,

Em sorrisos pra o espelho.


Agora sim, saia por aí

Plantando e colhendo flores

domingo, 8 de dezembro de 2024

Janela pro Céu

De alguma maneira 

Escuto a voz que ecoa do mundo 

Não é uníssona, nem uniforme 

E seu ritmo é rouco e intenso

Lento como a manhã sem vento


Me inspiro

Como tudo que me toca e reverbera

A flor que decai em meu colo 

O ar que adentra o peito 

E me alimenta por dentro

Do corpo físico à lembrança da alma


Quanto tempo tenho

Até o silêncio me cantar outro sonho

Quanto espaço me cabe

Até o anoitecer do pensamento?


Quão denso é o desejo 

A tecer os acordes tenros da matéria

Será a leveza da poesia 

A onda luminosa no vácuo

A onda sonora das árvores

A onda gravitacional que nos abraça


Retribuo a alegria

Que nos atravessa

En cantamento