As palavras, em seus sons, estão aqui em processo, se transformando, como esse texto, incompleto, que um dia terminarei. O papel virtual de minhas realidades, sendo escrito enquanto logo, meus dados, na máquina, na rede de rendas digitais. Nas ladainhas, aboios e encantamentos, sentimentos ou/e em outros infindos indícios analógicos, que sim, ainda existem! E resistem, a qualquer falsa ou equivocada idéia de modernidade ou tecnologia. Tome cuidado com os meus acentos.
Eles podem brincar de mudar seus sentidos.
Estamos subentendidos?

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Idade


De uma certa forma, abstratas
Um nosso amor ainda existe
Só que o meu peito resiste
Em requerer teu coração.
Pois se não fosse a idade, a razão
Outras tantas paixões me sustentando,
Inda hoje eu estaria sonhando,
Nos teus beijos, teu olhar,
Me em cantando
Hoje ao olhar pro tempo,

Nada estranha a mente,
Sei que na tua prosa
Sem ter um nome,
Minha saudade
Te consome,
Silenciosa.

sábado, 27 de agosto de 2011

Natureza


Eram tantos os sinais de tua natureza
Anunciando as chuvas, os estios,
Em seus ciclos, os fins e recomeços.

Não sei porque insisti
Não observei o meio.
- Talvez abrupto, pela ação do tempo
Ou quem sabe em transe,
De som em sonho, encantado.

Observando as estrelas,
Segui, fiz meus sacrifícios.
Sangrando em tua dor
Ou cantando em teu sorriso,
Fiz tudo o que foi impreciso.
Não me arrependo por isso.

Vez em quando ainda pendo
Mas tenho teu equilibrio
E solidez, e esperança
Estou na maciez de tua lembrança
Acalentado. Amamentado
Como uma criança.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Verbo Sentido

Aquela lágrima,
Não.
Não era uma lágrima de alguma liquida incerteza
Vento caído, terçol, nem de irritados ou mal-olhados, ou mal-amados, olhos.
Nem por mó da poeira da estrada, de alguma desadespedida tarde.

Nem da borrada maquiagem,
Que se aqüefez, n'um soluço que também não, não era de embriaguez
Nem da incerteza bebida, ex-tragada
Nem muito menos, dos anos, fingidos, fingida, ou inventada.

Aquela lágrima, solitária, não era de rijeza.
O suspiro realmente, não! Isso não, essa não, não era de tristeza

Aquela lágrima, era de fato.
De alguém que percebe a cena,
Na triste sina de Cassandra
Na constatação de um coração partido, atrasado.
Porque sempre, há um tempo ido, nunca ainda vivido
Na conjunção de um verbo sentido, mas, quando impronunciado.

Um sonho no Juazeiro

(Numa região paralela, sertão)
O corpo ainda dorme,
Caminha sonâmbulo, vinolento
Pelo centro nervoso da urbe
Uma peleja, desafiando o tráfego
De informação, e outros dados
Enarmonizando os sons, os sonhos,
Entre Seus Zés e Donas Marias
Crianças Cíceras,
Pastoras e anjinhos
(Ao longe, ruídos e freqüências,
Zambumbas e pífanos, torés)
Almas-vivas, penando
Criaturas estranhas nas ruas.
Pessoas, seres fantasticos de carne, osso
Cera, gesso, barro ou imburana
Desse e dos outros mundos, além.

Existe aqui uma certa beleza, mas, discreta
Ou encoberta, esquecida, ou quase apagada
Como lembrança, beata.

Sigo o fluxo dos pensamentos
Nas virtualidades da fé
Entre candeias e trevas
Poesias penadas
Em romaria
Pra salvação

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Joana Madrugou

Joana madrugou, madrugada!
Quais canções foram tocadas?
Em quais desejos, harpejada
Acordada, ela sonhou?

O que compuseram seus segredos?
Do juízo até os dedos
Da cabeça ao coração

Vidas?
Lembranças?
Em suas mãos, inspirada
Tão linda! Em seus anseios
Insone, debruçada.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Um acalanto e uma benção (Carneirinhos)

Carneirinhos. Sim, menina!
Eles sobem pelo horizonte
Onde o chão toca o céu, ao leste,
Brincando de voar, se transformam,
Em nossa imaginação

No perfume da rosa dos ventos.
No movimento da rodas do tempo.

E tudo estava claro,
Perfeitamente,
Na timidez silenciosa das flores.

Essa noite serão outros sonhos
Eles nos dirão sobre o nosso futuro.
(De três em três, por ti passarão, derradeiro ficarão
Se não for o primeiro, será o de atrás)

Do passado ficamos com tudo!
Agora fecharei os olhos e contarei lembranças,
Como esses carneirinhos de nuvens!
Me embalando na imensidão.

Olho pra ti
Segurando em tua mão
E como se fosses minha mãe
Te peço um beijo de boa noite
Um acalanto e uma benção

Relatividade

Agora, a pouco, o relógio olhou pra mim como se eu fosse um corpo estranho a pulsar
E ele me resmungou por alguns segundos, algo distante, relativo ao futuro
Coisas que de qualquer maneira, só entendi no instante em que passou.
Eu respirei, suspirei, e ignorando seus seus tic-tacs, pude sentir meu coração
Parti em minha natureza, porque já era hora.
Antes tarde do que nunca...


Daí olhei pra fora de mim
Então percebi que a manhã se foi
Já havia se ido
A tarde
A noite se foi
A madrugada


Fiquei pensando, inspirado
Na relatividade dos sentimentos

O teu amor me despertou
Por tua causa refleti o agora
Por teu efeito e filosofia vã
Que senti, que percebi
O quando havia se tornado hoje

O amanhã.